sábado, 10 de dezembro de 2011

REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA
(LECTIO DIVINA)

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm


Segunda-feira da 3ª semana do Advento


1) Oração

Inclinai, ó Deus, o vosso ouvido de Pai
À voz da nossa súplica,
E iluminar as trevas do nosso coração
com a visita do vosso Filho.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
na unidade do Espírito Santo. Amém.

2) Leitura do Evangelho  (Mateus 21, 23-27)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus - Naquele tempo, 23Dirigiu-se Jesus ao templo. E, enquanto ensinava, os príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo aproximaram-se e perguntaram-lhe: Com que direito fazes isso? Quem te deu esta autoridade? 24Respondeu-lhes Jesus: Eu vos proporei também uma questão. Se responderdes, eu vos direi com que direito o faço. 25Donde procedia o batismo de João: do céu ou dos homens? Ora, eles raciocinavam entre si: Se respondermos: Do céu, ele nos dirá: Por que não crestes nele? 26E se dissermos: Dos homens, é de temer-se a multidão, porque todo o mundo considera João como profeta. 27Responderam a Jesus: Não sabemos. Pois eu tampouco vos digo, retorquiu Jesus, com que direito faço estas coisas.

3) Reflexão
*  O evangelho de hoje descreve o conflito que Jesus teve com as autoridades religiosas da época depois que expulsou os vendedores do Templo. Os sacerdotes e anciãos do povo queriam saber com que autoridade Jesus fazia as coisas a ponto de entrar no Templo e expulsar os vendedores (cf. Mt 21,12-13). As autoridades se consideravam os donos de tudo e achavam que ninguém podia fazer nada sem a licença delas. Por isso, perseguiam a Jesus e procuravam mata-lo. Algo semelhante estava acontecendo nas comunidades cristãs dos anos setenta-oitenta, época em que foi escrito o evangelho de Mateus. Os que resistiam às autoridades do império eram perseguidos. Havia outros que, para não serem perseguidos, tentavam conciliar o projeto de Jesus com o projeto do império romano (cf. Gal 6,12). A descrição do conflito de Jesus com as autoridades do seu tempo era uma ajuda para os cristãos continuarem firmes nas perseguições e não se deixarem manipular pela ideologia do império. Também hoje, alguns que exercem o poder, tanto na sociedade como na igreja e na família, querem controlar tudo como se fossem eles os donos de todos os aspectos da vida do povo. Às vezes, chegam até a perseguir os que pensam diferente. Com estes pensamentos e problemas na cabeça, vamos ler e meditar o evangelho de hoje.
*  Mateus 21,23: A pergunta das autoridades religiosas a Jesus
   “Jesus voltou ao Templo. Enquanto ensinava, os chefes dos sacerdotes e os anciãos do povo se aproximaram, e perguntaram: Com que autoridade fazes tais coisas? Quem foi que te deu essa autoridade?"  Jesus circula, novamente, na enorme praça do Templo. Logo aparecem alguns sacerdotes e anciãos para interrogá-lo. Depois de tudo que Jesus já tinha feito, na véspera, eles querem saber com que autoridade ele faz as coisas. Eles não perguntam pela verdade nem pelo motivo que levou Jesus a expulsar os vendedores (cf. Mt 21,12-13). Perguntam apenas pela autoridade. Eles acham que Jesus deve prestar conta a eles. Pensam ter o direito de controlar tudo. Não querem perder o controle das coisas.
*  Mateus 21,24-25ª: A pergunta de Jesus às autoridades
   Jesus não se nega a responder, mas mostra a sua independência e liberdade e diz: "Eu também vou fazer uma pergunta para vocês. Se responderem, eu também direi a vocês com que autoridade faço isso. De onde era o batismo de João? Do céu ou dos homens?". Pergunta inteligente, simples como a pomba e esperta como a serpente! (cf. Mt 10,16). A pergunta vai revelar a falta de honestidade dos adversários. Para Jesus, o batismo de João era do céu, vinha de Deus. Ele mesmo tinha sido batizado por João (Mt 3,13-17). Os homens do poder, ao contrário, tinham tramado a morte de João (Mt 14,3-12). Mostraram, assim, que não aceitavam a mensagem de João e que consideravam o batismo dele como coisa dos homens e não de Deus.
*  Mateus 21,25b-26 : Raciocínio das autoridades
   Os sacerdotes e os anciãos perceberam o alcance da pergunta e raciocinavam entre si da seguinte maneira: "Se respondemos que vinha do céu, ele vai dizer: Então, por que vocês não acreditaram em João? Se respondemos que vinha dos homens, temos medo da multidão, pois todos consideram João como um profeta”.  Por isso, para não se expor, responderam: “Não sabemos!” Resposta oportunista, fingida e interesseira. O único interesse deles era não perder a sua liderança junto do povo. Dentro deles mesmos, já tinham decidido tudo: Jesus devia ser condenado e morto (Mt 12,14).
*  Mateus 21,27: Conclusão final de Jesus
E Jesus disse a eles: Pois eu também não vou dizer a vocês com que autoridade faço essas coisas".  Por causa da sua total falta de honestidade, eles não merecem resposta de Jesus.

4) Para um confronto pessoal

1. Alguma vez, você já se sentiu controlado ou observado, indevidamente, pelas autoridades, em casa, no trabalho, na igreja? Qual foi a sua reação?
2. Todos e todas temos alguma autoridade. Mesmo numa simples conversa entre duas pessoas, cada uma exerce algum poder, alguma autoridade. Como uso o poder, como exerço a autoridade: para servir e libertar ou para dominar e controlar?

5) Oração final

Mostra-me, SENHOR, os teus caminhos,
ensina-me tuas veredas.
Faz-me caminhar na tua verdade e instrui-me,
porque és o Deus que me salva,
e em ti sempre esperei. (Sal 24, 4-5)



















REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA
(LECTIO DIVINA)

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm


Terça-feira da 3ª semana do Advento


1) Oração

Ó Deus, que por meio do vosso Unigênito nos transfigurastes em nova criatura, considerai a obra do vosso amor, e purificai-nos das manchas da antiga culpa no advento do vosso Filho. Que convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho  (Mateus 21, 28-32)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus - Naquele tempo, disse Jesus aos chefes dos sacerdotes e aos anciãos do povo: 28Que vos parece? Um homem tinha dois filhos. Dirigindo-se ao primeiro, disse-lhe: - Meu filho, vai trabalhar hoje na vinha. 29Respondeu ele: - Não quero. Mas, em seguida, tocado de arrependimento, foi. 30Dirigindo-se depois ao outro, disse-lhe a mesma coisa. O filho respondeu: - Sim, pai! Mas não foi. 31Qual dos dois fez a vontade do pai? O primeiro, responderam-lhe. E Jesus disse-lhes: Em verdade vos digo: os publicanos e as meretrizes vos precedem no Reino de Deus! 32João veio a vós no caminho da justiça e não crestes nele. Os publicanos, porém, e as prostitutas creram nele. E vós, vendo isto, nem fostes tocados de arrependimento para crerdes nele.

3) Reflexão
*  O evangelho de hoje traz uma parábola. Como de costume, Jesus conta uma história tirada da vida quotidiana das famílias; história comum que fala por si e não necessita de muita explicação. Em seguida, por meio de por meio de uma pergunta muito simples, Jesus procura envolver os ouvintes e comunicar uma mensagem.  se envolvam na história sem, por ora, se darem conta do objetivo que Jesus tinha em mente. Depois que deram a resposta à pergunta, Jesus aplica a história e os ouvintes se dão conta de que eles se condenaram a si mesmos. Vejamos:
*  Mateus 21, 28-30: A história dos dois filhos
  Jesus faz uma pergunta inicial: "O que vocês acham disto?”  É para chamar a atenção das pessoas para que prestem muita atenção na história que segue. Em seguida vem a história: "Certo homem tinha dois filhos. Ele foi ao primeiro, e disse: 'Filho, vá trabalhar hoje na vinha'. O filho respondeu: 'Não quero'. Mas depois arrependeu-se, e foi. O pai dirigiu-se ao segundo, e disse a mesma coisa. Esse respondeu: 'Sim, senhor, eu vou'. Mas não foi”. Trata-se de uma história da vida familiar de cada dia. As pessoas que o escutam Jesus entendem do assunto, pois já o devem ter vivido várias vezes em sua própria casa. Por ora ainda não apareceu o que Jesus tem em mente. O que será que ele quer alcançar com esta história?
*  Mateus 21, 31ª: O envolvimento das autoridades na história dos dois filhos
  Jesus formulou a história em forma de uma pergunta. No início ele disse: “O que vocês acham disto?” e no fim ele termina perguntando: Qual dos dois fez a vontade do pai?"  Os que escutam são pais de família e eles respondem a partir do que já deve ter acontecido várias vezes com seus próprios filhos: Os chefes dos sacerdotes e os anciãos do povo responderam: "O primeiro".  Esta é a resposta que Jesus queria ouvir deles e por onde ele os pega em flagrante para comunicar sua mensagem.
*  Mateus 21, 31b-32: A conclusão de Jesus
  Então Jesus lhes disse: "Pois eu garanto a vocês: os cobradores de impostos e as prostitutas vão entrar antes de vocês no Reino do Céu. Porque João veio até vocês para mostrar o caminho da justiça, e vocês não acreditaram nele. Os cobradores de impostos e as prostitutas acreditaram nele. Vocês, porém, mesmo vendo isso, não se arrependeram para acreditar nele."  A conclusão de Jesus é evidente e muito dura. Na opinião dos sacerdotes e dos anciãos, os publicanos e as prostitutas eram pessoas pecadoras e impuras que não faziam a vontade do Pai. Na opinião de Jesus, publicanos e prostitutas, de fato, diziam “Não quero”, mas acabaram fazendo a vontade do Pai, pois se arrependeram diante da pregação de João Batista. Enquanto eles, os sacerdotes e publicanos que oficialmente sempre dizem “Sim, senhor, eu vou!”, mas acabaram não observando a vontade do Pai, pois não quiseram acreditar em João Batista.

4) Para um confronto pessoal

1) Com qual dos dois filhos eu me identifico?
2) Quem são hoje as prostitutas e os publicanos que dizem “Não quero!”, mas que acabam fazendo a vontade do Pai?

5) Oração final

Bendirei o Senhor em todo tempo,
seu louvor estará sempre na minha boca.
Eu me glorio no Senhor,
ouçam os humildes e se alegrem. (Sal 33, 2-3)

REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA 
(LECTIO DIVINA) 
   
 

Quarta-feira da 3ª Semana do Advento 
 
 
1) Oração 

O Evangelho convida-nos a reconhecer o estilo de Jesus, paciente, acolhedor, esclarecedor. A escuta da Palavra exige uma visão abrangente do que foi revelado, e não o absolutismo: em cada caso a Escritura vem totalmente iluminada em Jesus. Além disso nos convida a ver a ação de Deus no mundo, que pode ser estendida aos "sinais dos tempos". Amen.


2) Leitura (Lucas 7, 24-30)
Evangelho: Lucas 7, 19-23
E João chamou dois dos seus discípulos e enviou-os a Jesus, perguntando: És tu o que há de vir ou devemos esperar por outro? 20Chegando estes homens a ele, disseram: João Batista enviou-nos a ti, perguntando: És tu o que há de vir ou devemos esperar por outro? 21Ora, naquele momento Jesus havia curado muitas pessoas de enfermidades, de doenças e de espíritos malignos, e dado a vista a muitos cegos. 22Respondeu-lhes ele: Ide anunciar a João o que tendes visto e ouvido: os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos ficam limpos, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, aos pobres é anunciado o Evangelho; 23e bem-aventurado é aquele para quem eu não for ocasião de queda!
  3) Meditação
Este texto é encontrado em Mateus e Lucas e inserido no segundo, entre o relato do milagre da restauração para a vida do filho da viúva de Naim (que é próprio de Lucas) e o discurso de Jesus sobre João Batista. É neste contexto que sugere uma espécie de passagem entre a imagem de Jesus que cura, até mesmo a morte, e o convite à conversão, feita pelo próprio Jesus nas três passagens sucessivas: um enfoque sobre João Batista, o juízo sobre sua geração e para a aceitação do gesto da mulher pecadora na casa do fariseu.
Este texto pode ser entendido em um contexto maior: dentro de todo o evento de Batista e na experiência profética de Israel, que espera, e que tem a expectativa de que Deus vem até eles.

Os discípulos de João Batista tem aqui um papel de primeiro plano, são eles que abrem e fecham a passagem, são eles que criam o elo de comunicação entre o seu mestre, detido na prisão de Herodes (Lc 3,19-20) e Jesus. Dois deles são enviados em seu nome, para retornar com a pergunta direta para o mestre de Nazaré: duas vezes Lucas coloca a questão, que é de grande importância. E a pergunta é sobre a espera. João sabe que alguém deve vir. O problema é saber se é Jesus ou devem esperar por outro. O fato de João enviar a questão expressamente a Jesus significa que ele já confia nele. Talvez ele tenha confundido por causa da falta de compreensão do cumprimento na imagem bíblica do "Dia do Senhor", que é fundamental para toda a sua pregação (cf. Lc 3,7 ss).

Aqui a passagem dá um grande salto : a questão é deixada em suspenso e instantaneamente são listadas todas as obras de cura realizados por Jesus em favor de "muitos". Como parte final, menciona o dom da vista aos cegos. E, após as obras, vem a resposta. "Ide", Jesus diz aos discípulos de João: é uma missão, à luz do que já transpareceu - por qualquer meio - o que já foi anunciado. (Ver Lc 3,18). Agora a boa notícia é completa e está acontecendo, já que as obras que ele faz são aquelas anunciadas pelos profetas (como um "lectio", em várias passagens de Isaías, mas desta vez é a vista aos cegos que é mencionado em primeiro lugar). Esta é uma mensagem inequívoca para um homem como João, a quem a Palavra de Deus já chegou (cf. Lc 3,2). Finalmente, há uma mensagem que pode parecer estranha, pois é expressa negativamente: bem-aventurados são aqueles que não encontram em Jesus uma pedra de tropeço, um obstáculo no caminho da fé. Como podemos entender isso? Certamente é uma mensagem maior do que a mensagem de João Batista, e é dirigida ao ouvinte da Palavra.

 
O contexto sugere a circularidade entre graça e compromisso, entre a iniciativa de Deus em Cristo e na necessária correspondência do homem.  Deus chama e ama em primeiro lugar, mas quer um consentimento livre e responsável: uma tal reação é possível porque Deus nos amou primeiro.

O fato de que os discípulos entram em jogo neste momento mostra que João não está interessado apenas no momento presente, mas também  do interesse para os "filhos espirituais" de movimentos cujo expoente é João. Já no início do ministério público de Jesus dois discípulos de João Batista se tornam seus discípulos (cf. Jo 1,37), e até mesmo alguns anos depois, Paulo encontra pessoas que receberam o batismo de João (cf. At 19,1-7).

No centro da passagem, o tema é o da espera, mas segundo o desígnio de Deus, anunciado pelos profetas de Israel que não são fáceis de serem compreendidos. Até mesmo a Palavra de Deus não diminui a dificuldade de se entender um Deus que ama e oferece em sua misericórdia o próprio Filho e a possibilidade de receber com fé, assim como a cura do cego sugere. E é a fé que conduz à bem-aventurança. O que é proclamado por Jesus no final da passagem é entendida apenas quando se considera o peso da responsabilidade por parte do observador, com o risco de dar escândalo. É necessário, então, refletir, deixando de lado as pretensões humanas e preconceitos, a fim de abrir-se livremente com simplicidade o que Deus em Jesus está fazendo. É a lógica do Reino de Deus, que excede o heroísmo de João (Lc 2,28)

4) Para um confronto pessoal 

• Vivemos a ouvir a Palavra como forma de conversão?
• Sabemos conhecer os sinais da presença ativa de Jesus, mesmo no nosso tempo?
• Sabemos confiar no Evangelho de maneira ativa, como verdadeiros discípulos?


5) Oração final 
 
Dá-nos, Senhor, os olhos para ver e ouvidos para ouvir.
Dá-nos, Senhor, a coragem de sempre procurar sua verdade e pedir sua revelação em oração.

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REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA
(LECTIO DIVINA) 
   
   
Quinta-feira da 3ª Semana do Advento 
 
  1) Oração 

A consciência da nossa culpa estamos tristes, Senhor, e nos faz sentir indigno de servir e reconhecer que precisamos para a salvação e perdão de seu pai. Manda, mais uma vez, seu mensageiro para preparar o caminho do seu Filho para nós, queremos caminhar com fidelidade, deixando-nos imersos no batismo de Tua misericórdia. Dê-nos a sua alegria e salvação com a vinda do Redentor, vosso Filho, que é Deus que vive e reina contigo e o Espírito Santo, por séculos dos séculos. Amen.
2) Leitura (Lucas 7, 24-30)
Naquele tempo, 24Depois que se retiraram os mensageiros de João, ele começou a falar de João ao povo: Que fostes ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento? 25Mas que fostes ver? Um homem vestido de roupas finas? Mas os que vestem roupas preciosas e vivem no luxo estão nos palácios dos reis. 26Mas, enfim, que fostes ver? Um profeta? Sim, digo-vos, e mais do que profeta. 27Este é aquele de quem está escrito: Eis que envio o meu mensageiro ante a tua face; ele preparará o teu caminho diante de ti (Ml 3,1). 28Pois vos digo: entre os nascidos de mulher não há maior que João. Entretanto, o menor no Reino de Deus é maior do que ele. 29Ouvindo-o todo o povo, e mesmo os publicanos, deram razão a Deus, fazendo-se batizar com o batismo de João. 30Os fariseus, porém, e os doutores da lei, recusando o seu batismo, frustraram o desígnio de Deus a seu respeito.
 

3) Meditação
Estamos prestes a entrar no santo dia da Novena de Natal e a Igreja convida-nos hoje, através da Liturgia da Palavra, e fazer a nossa escolha clara, definida e forte: aceitar a proposta de João Batista e também entrar no caminho que ele veio para preparar, reconhecendo que somos pecadores e necessitados de conversão, ou pensam que já estamos na posse da salvação e não precisamos de nada?
O texto de Lucas nos ajuda a entrar em um diálogo e num forte confronto pessoal com Jesus , porque ele, com suas perguntas e declarações, nos coloca olhos no coração, para podermos ver o caminho espiritual, a parte que já fizemos e a que ainda temos pela frente.

* O primeiro elemento a destacar é a tripla repetição da pergunta de Jesus à multidão: "O que você foi ver?" É importante porque, se formos traduzir o texto, diz literalmente: "O que você veio para ver?". Ao usar esta palavra o Senhor traz à tona o lado positivo, destaca um compromisso espiritual, um processo já iniciado.

* Mas, ao mesmo tempo, quer nos ajudar a ter uma melhor consciência do que aconteceu dentro de nós, seja para dissipar as nossas trevas, seja empurrar-nos para decisões mais autênticas e vitais e, como ele sempre fez com seus discípulos, e continua hoje para nós o pão da Palavra e revela o sentido das Escrituras. Adotando-se uma linha da profecia de Malaquias, Jesus nos oferece a verdadeira chave para a compreensão da figura de João Batista. Ele é o mensageiro, o mensageiro de Deus que abre e prepara o caminho para a vinda do Messias. João é o elo entre o Antigo e o Novo Testamento, é a ponte para chegar à verdadeira Terra Prometida, Jesus é a porta de entrada para o Reino de Deus.

* Mas, como Jesus diz nos últimos versos, ainda tem que ser um processo de conversão. Depois de ter sido libertado e visto que é necessário para ouvir e ser batizado (v. 29), ou seja, é necessário que em nós mesmos haja um caminho de abertura, a voz de disponibilidade sincera de Deus, sem medo, sem esconder nada, devemos mergulhar com confiança como um batismo. Debaixo da água da misericórdia e aceitar totalmente nos braços do pai.

* O texto termina com uma referência a Deus, isto é, a sua vontade de amor para conosco, seu plano de salvação. Deus quer, deseja, anseia levar-nos a ele para a salvação e a felicidade plena.. Mas, pela nossa parte, não há uma resposta livre, uma resposta de amor. E mais uma vez, Lucas apresenta-nos uma escolha clara, expressa por dois verbos: "Bem-aventurados [Deus]" e "frustrado [o plano de Deus]" a escolha cabe a nós fazer.

4) Para um confronto pessoal 

1 - Eu me considero entre aqueles que vieram para fora e viu? Eu realmente fiz esse movimento espiritual, que me levou, pelo menos um pouco, "para Deus", o mistério da sua vontade em minha vida e com os meus irmãos, nas situações, mesmo nas mais cansativas ou pesadas?
E os meus olhos estavam realmente abertos para ver, ou até mesmo para contemplar, sendo capaz de ir um pouco "sobre a superfície das coisas", além das aparências das pessoas e das coisas?
E eu acho que sem ele, ainda não tinha dado esses passos, agora como ele esta se abrindo diante de mim, um período de forte preparação para o Natal. Eu quero fazer este compromisso, quero sair e ver Deus em minha vida ?
2 - João é apresentado neste texto como um profeta, um mensageiro, aquele que prepara o caminho. Eu acredito nessa realidade? Vou abrir-me para poder anunciar a Palavra de Deus,? Eu começo realmente a ouvir a mensagem de que Deus quer oferecer a minha vida, minha pessoa? Se há um caminho traçado para mim, estou disposto a percorrê-lo?
3 - E, finalmente, o passo mais importante. Opto, eu também, da necessidade de reconhecer o abraço do Pai? Eu me joguei nas águas do seu amor para receber um novo batismo? Eu ainda tenho medo de me banhar, de ser envolvida por ele, pela sua presença, da sua respiração na minha vida? Eu quero hoje começar uma nova vida? E eu coloquei um sinal para dizer que a minha escolha é verdade? Eu realmente quero entrar nas águas da misericórdia e mergulhar nelas, sem resistência, sem querer escapar?


5) Oração final 
O Senhor é minha porção e o meu cálice em suas mãos é a minha vida.
Para mim, a sorte caiu em lugares deliciosos: a minha herança é bela.
Bendito seja o Senhor que me aconselha;
mesmo de noite meu coração me instrui.
Tenho posto o Senhor sempre diante de mim, à minha direita, eu fico firme.
Para este meu coração contente alegrar a minha alma.

REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA 
(LECTIO DIVINA) 
 
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm 
 
 
Sexta-Feira da 3ª semana do Advento

 1) Oração

Ó Deus, criador e redentor do gênero humano,
quisestes que o vosso Verbo
se encarnasse no seio da Virgem.
Sede favorável à nossa súplica
para que o vosso Filho Unigênito,
tendo recebido a nossa humanidade,
nos faça participar da sua vida divina.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
na unidade do Espírito Santo. Amém.

2) Leitura do Evangelho  (Mateus 1,1-17)

1Livro da origem de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão. 2Abraão gerou Isaac; Isaac gerou Jacó; Jacó gerou Judá e seus irmãos. 3Judá gerou Farés e Zara, cuja mãe era Tamar. Farés gerou Esrom; Esrom gerou Aram; 4Aram gerou Aminadab; Aminadab gerou Naasson; Naasson gerou Salmon; 5Salmon gerou Booz, cuja mãe era Raab. Booz gerou Obed, cuja mãe era Rute. Obed gerou Jessé. 6Jessé gerou o rei Davi.
Davi gerou Salomão, daquela que tinha sido mulher de Urias. 7Salomão gerou Roboão; Roboão gerou Abias; Abias gerou Asa; 8Asa gerou Josafá; Josafá gerou Jorão. Jorão gerou Ozias; 9Ozias gerou Jotão; Jotão gerou Acaz; Acaz gerou Ezequias; 10Ezequias gerou Manassés; Manassés gerou Amon; Amon gerou Josias. 11Josias gerou Jeconias e seus irmãos, no tempo do exílio na Babilônia.
12Depois do exílio na Babilônia, Jeconias gerou Salatiel; Salatiel gerou Zorobabel; 13Zorobabel gerou Abiud; Abiud gerou Eliaquim; Eliaquim gerou Azor; 14Azor gerou Sadoc; Sadoc gerou Aquim; Aquim gerou Eliud; 15Eliud gerou Eleazar; Eleazar gerou Matã; Matã gerou Jacó. 16Jacó gerou José, o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado o Cristo. 17Assim, as gerações desde Abraão até Davi são catorze; de Davi até o exílio na Babilônia catorze; e do exílio na Babilônia até Cristo, catorze.

3) Reflexão
*  A genealogia define a identidade de Jesus. Ele é o "filho de Davi e filho de Abraão" (Mt 1,1; cf 1,17). Como filho de Davi, ele é a resposta de Deus às expectativas do povo judeu (2Sam 7,12-16). Como filho de Abraão, é uma fonte de bênção para todas as nações (Gn 12,13). Judeus e pagãos vêem suas esperanças realizadas em Jesus.
*  Na sociedade patriarcal dos judeus, as genealogias traziam nomes somente de homens. Surpreende o fato de Mateus colocar cinco mulheres entre os antepassados de Jesus: Tamar, Raab, Rute, a mulher de Urias e Maria. Por que Mateus escolhe precisamente estas quatro mulheres como companheiras de Maria? Nenhuma rainha, nenhuma matriarca, nenhuma juíza, nenhuma das mulheres lutadoras do êxodo: por que? Esta é a pergunta que o evangelho de Mateus deixa na nossa cabeça.
*  Na vida das quatro mulheres companheiras de Maria existe algo anormal. As quatro são estrangeiras, conceberam seus filhos fora dos padrões normais e não satisfaziam às exigências das leis da pureza do tempo de Jesus. Tamar, uma Cananéia, viúva, se vestiu de prostituta para obrigar o patriarca Judá a ser fiel à lei e dar-lhe um filho (Gn 38,1-30). Raab, uma Cananéia de Jericó, era a prostituta que ajudou os israelitas a entrar na Terra Prometida (Js 2,1-21). Rute, uma Moabita, viúva pobre, optou para ficar do lado de Noemi e aderiu ao Povo de Deus (Rt 1,16-18). Tomou a iniciativa de imitar Tamar e de ir passar a noite na eira, junto com Booz, forçando-o a observar a lei e dar-lhe um filho. Da relação entre os dois nasceu Obed, o avô do rei Davi (Rt 3,1-15; 4,13-17). Betsabea, uma Hitita, mulher de Urias, foi seduzida, violentada e engravidada pelo rei Davi, que, além disso, mandou matar o marido dela (2Sm 11,1-27). O modo de agir destas quatro mulheres estava em desacordo com as normas tradicionais. No entanto, foram estas iniciativas pouco convencionais que deram continuidade à linhagem de Jesus e trouxeram a salvação de Deus para todo o povo. Tudo isto nos faz pensar e nos questiona quando damos demasiado valor à rigidez das normas.
*  O cálculo de 3 x 14 gerações (Mt 1,17) tem um significado simbólico. Três é o número da divindade. Quatorze é o dobro de sete. Sete é o número da perfeição. Por meio deste simbolismo Mateus exprime a convicção dos primeiros cristãos de que Jesus apareceu no tempo estabelecido por Deus. Com a sua chegada a história alcançou o seu pleno cumprimento.

4) Para um confronto pessoal
1) Qual a mensagem que você descobre na genealogia de Jesus? Você encontrou uma resposta para a pergunta que Mateus deixou na nossa cabeça?
2) As companheiras de Maria, a mãe de Jesus, são bem diferentes do que imaginávamos. Qual a conclusão que você tira disso para a sua devoção à Nossa Senhora?

5) Oração final

Seu nome dure para sempre,
diante do sol permaneça seu nome.
Nele serão abençoadas  todas as raças da terra
e todos os povos vão proclamá-lo feliz.meu coração
e que na inocência lavei minhas mãos?












REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA 
(LECTIO DIVINA) 
 
Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm 
 
Sábado da 3ª semana do Advento
 1) Oração
 Ó Deus todo-poderoso,
concedei aos que gememos na antiga escravidão,sob o jugo do pecado,
a graça de ser libertados
pelo novo natal do vosso Filho
que tão ansiosamente esperamos.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
na unidade do Espírito Santo. Amém.

2) Leitura do Evangelho  (Mateus 1, 18-24)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus - 18Eis como nasceu Jesus Cristo: Maria, sua mãe, estava desposada com José. Antes de coabitarem, aconteceu que ela concebeu por virtude do Espírito Santo. 19José, seu esposo, que era homem de bem, não querendo difamá-la, resolveu rejeitá-la secretamente. 20Enquanto assim pensava, eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos e lhe disse: José, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa, pois o que nela foi concebido vem do Espírito Santo. 21Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo de seus pecados. 22Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor falou pelo profeta: 23Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um filho, que se chamará Emanuel (Is 7, 14), que significa: Deus conosco. 24Despertando, José fez como o anjo do Senhor lhe havia mandado e recebeu em sua casa sua esposa.

3) Reflexão
*  No Evangelho de Lucas a história da infância de Jesus (capítulos 1 e 2 de Lucas) está centrada em torno da pessoa de Maria. Aqui no Evangelho de Mateus a infância de Jesus (capítulos 1 e 2 de Mateus) está centrada em torno da pessoa de José, o prometido esposo de Maria. José era da descendência de Davi. Através dele Jesus pertence à raça de Davi. Assim, em Jesus se realizam as promessas feitas por Deus a Davi e à sua descendência.
*  Como vimos no evangelho de ontem, nas quatro mulheres companheiras de Maria na genealogia de Jesus, havia algo anormal que não estava de acordo com as normas da lei: Tamar, Raab, Rute e Betsabéia. O evangelho de hoje mostra que também em Maria havia algo de anormal, contrário às leis da época. Aos olhos do povo de Nazaré ela apareceu grávida antes de conviver com José. Nem o povo nem José o futuro marido sabiam a origem desta gravidez. Se José tivesse sido justo conforme a justiça dos escribas e fariseus , ele deveria ter denunciado Maria, e a pena para ela teria sido a morte por apedrejamento.
*  José era justo, sim!, mas a sua justiça era diferente. Por antecipação ele já praticava o que Jesus haveria de ensinar mais tarde: “Se a justiça de vocês não ultrapassar a justiça dos escribas e fariseus, vocês não vão poder entrar no Reino dos Céus” (Mt 5,20). É por isso que José, não compreendendo os fatos e não querendo repudiar Maria, resolveu licenciá-la em segredo.
*  Na Bíblia, a descoberta do apelo de Deus dentro dos fatos acontece de várias maneiras. Por exemplo, através de ruminação dos fatos (Lc 2,19.51), através da meditação da Bíblia (At 15,15-19; 17,2-3), através de anjos (a palavra anjo significa mensageiro), que ajudam a descobrir o significado dos fatos (Mt 28,5-7). José chegou a perceber o significado do que estava acontecendo em Maria através de um sonho. No sonho um anjo usou a Bíblia para esclarecer a origem da gravidez de Maria. Ela vinha da ação do Espírito de Deus.
*  Quando tudo ficou claro para Maria, ela disse: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua Palavra!” Quando tudo ficou claro para José, ele assumiu Maria como sua esposa, e foram morar juntos. Graças à justiça de José, Maria não foi apedrejada e Jesus continuou vivo no seio dela.

4) Para um confronto pessoal
1) Aos olhos dos escribas, a justiça de José seria uma desobediência. Existe mensagem nisto para nós?
2) Como você descobre o apelo da Palavra de Deus dentro dos fatos da sua vida?

 5) Oração final

Ele libertará o pobre que invoca e o indigente que não acha auxílio;
terá piedade do fraco e do pobre,
e salvará a vida de seus indigentes. (Sal 71, 12-13)

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