sexta-feira, 29 de abril de 2011

Beatificação do Papa João Paulo II.

Beatificação do Papa João Paulo II.


Lembramos que nosso saudoso Servo de Deus, Papa João Paulo II, várias vezes manifestou publicamente a sua devoção ao Escapulário do Carmo e a sua afetuosa pertença "desde criança" a esta "Fraternidade do Escapulário". Também podemos afirmar que conservamos as próprias palavras do Servo de Deus que se referem ao fato, muitas vezes repetido na sua biografia, do desejo que sentiu em ser carmelita.



Em determinada ocasião, o Santo padre dedicou todo o seu discurso do Angelus à devoção do Escapulário; e, por ocasião dos 750 anos do mesmo Escapulário, escreve uma mensagem com o título "Um providencial evento de Ação de Graças", recebendo também em audiência os devotos de Nossa Senhora do Carmo do mundo inteiro.


Esta devoção ao escapulário recebe uma posterior confirmação na deposição do seu secretário pessoal, hoje arcebispo de Cracóvia, Mons. Stanislao Dziwisz, que, na abertura do processo rogatório da beatificação do Servo de Deus João Paulo II na catedral de Cracóvia, disse:
"Na vida de oração do Cardeal, e depois do Papa, a sua devoção mariana ocupava um lugar de relevo, cujas formas tradicionais tinha colhido na casa paterna e na paróquia. (...) Em Wadowice, a sua Escola era o convento dos Padres carmelitas descalços, que defendiam o culto a São José e ao escapulário carmelitano. Com a idade de dez anos, o Servo de Deus inscreve-se na fraternidade e recebe o escapulário que trouxe sempre consigo e com o qual entrou na casa do Pai. Quero dizer que era um verdadeiro escapulário de feltro, e não uma medalha presa ao fio".


Por curiosidade, também podemos afirmar que conservamos frescas as próprias palavras do Servo de Deus que se referem ao fato, muitas vezes repetido na sua biografia, do desejo que sentiu em ser carmelita. No seu livro "Dom e Mistério" João Paulo II confessou:
«Durante algum tempo andei a considerar sobre a possibilidade de entrar no Carmelo. As dúvidas foram-me resolvidas pelo Cardeal Sapieha, o qual – segundo o estilo que lhe era próprio – disse brevemente: É preciso acabar primeiro aquilo que se começou. E assim foi" .

O Servo de Deus chegou a apresentar um pedido para entrar no noviciado carmelita em 1942, mas este foi fechado por causa da Segunda Guerra Mundial.


O Servo de Deus, em 1986, ao receber na sua capela particular um grupo de carmelitas descalços poloneses, por motivo da celebração dos seus 40 anos de sacerdócio, João Paulo II deixou esta confidência:

«Faltou pouco para eu ser um de vós...»


O Grande Papa João Paulo II também colaborou com o Carmelo ao realizar beatificações e canonizações de nossos santos carmelitanos, além de nomear o Cardeal Ballestrero. Ele também escreveu documentos sobre temas carmelitas e pronunciou vários discursos sobre os santos de nossa amada Ordem.

Na igreja carmelitana de Wadowice, muito frequentada pelo Servo de Deus na sua infância e juventude, agora estão juntos o escapulário e o anel pontifício de João Paulo II, que ele quis oferecer como ex-voto para decorar o quadro de São José, padroeiro dessa mesma igreja e o segundo padroeiro de baptismo de Karol Jozef Wojtyla (Fonte: Padre Stefano Praskiewicz OCD).




Desejamos que este fervor e piedade do saudoso Servo de Deus, Papa João Paulo II, o Grande, faça parte da sua vida e de seus familiares. Que Nossa Senhora do carmo e São José também intercedam para que as vocações carmelitanas sempre aumentem, inclusive na Ordem Secular.

Lectionautas

LECTIONAUTAS BRASIL

Tua Palavra é lâmpada para meus pés e luz para meu caminho (Salmo 119.105)
TEXTO BÍBLICO: João 20, 19 -31
Jesus aparece a seus discípulos
Naquele mesmo domingo, à tarde, os discípulos de Jesus estavam reunidos de portas trancadas, com medo dos líderes judeus. Então Jesus chegou, ficou no meio deles e disse: —Que a paz esteja com vocês! 20.Em seguida lhes mostrou as suas mãos e o seu lado. E eles ficaram muito alegres ao verem o Senhor. 21.Então Jesus disse de novo: —Que a paz esteja com vocês! Assim como o Pai me enviou, eu também envio vocês. 22.Depois soprou sobre eles e disse: —Recebam o Espírito Santo. 23.Se vocês perdoarem os pecados de alguém, esses pecados são perdoados; mas, se não perdoarem, eles não são perdoados.
Jesus e Tomé
24.Acontece que Tomé, um dos discípulos, que era chamado de “o Gêmeo”, não estava com eles quando Jesus chegou. 25.Então os outros discípulos disseram a Tomé: —Nós vimos o Senhor! Ele respondeu: —Se eu não vir o sinal dos pregos nas mãos dele, e não tocar ali com o meu dedo, e também se não puser a minha mão no lado dele, não vou crer! 26.Uma semana depois, os discípulos de Jesus estavam outra vez reunidos ali com as portas trancadas, e Tomé estava com eles. Jesus chegou, ficou no meio deles e disse: —Que a paz esteja com vocês! 27.Em seguida disse a Tomé: —Veja as minhas mãos e ponha o seu dedo nelas. Estenda a mão e ponha no meu lado. Pare de duvidar e creia! 28.Então Tomé exclamou: —Meu Senhor e meu Deus! 29.—Você creu porque me viu? —disse Jesus. —Felizes são os que não viram, mas assim mesmo creram!
A razão pela qual se escreveu este livro
30.Jesus fez diante dos discípulos muitos outros milagres que não estão escritos neste livro. 31.Mas estes foram escritos para que vocês creiam que Jesus é o Messias, o Filho de Deus. E para que, crendo, tenham vida por meio dele.
1 - LEITURA
O que diz o texto?
Perguntas para a leitura
• Onde estavam os discípulos e qual foi a reação deles ao verem Jesus?
• O que Jesus disse quando apareceu para eles?
• O que sentiram os discípulos quando Jesus apareceu?
• Jesus os enviou para quê?
• Qual foi a reação de Tomé quando os outros discípulos contaram para ele o que havia acontecido?
• Quando Jesus apareceu de novo o que ele diz a Tomé?
• O que Tomé respondeu?
• O que Jesus diz diante da resposta de Tomé?
Dicas para a leitura
Olá Lectionautas,
O evangelista João apresenta a aparição de Jesus, cumprindo assim a promessa de seu retorno. É a hora da sua exaltação e glorificação. Os discípulos tinham medo dos judeus e por isso estavam com as portas fechadas, mas Jesus, ao se fazer presente no meio deles, a primeira coisa que diz é a PAZ esteja com vocês.
É importante também ter presente uma questão: como ter certeza de que aquele que apareceu como Ressuscitado é o mesmo que foi Crucificado? Pois João relata com clareza: “Jesus lhes mostrou suas mãos e seu lado”. Quer dizer, podem me identificar, sou o mesmo que crucificaram e sepultaram; o corpo não foi roubado pelos judeus. Jesus Cristo vive na glória celestial.
Dimensão diferente da nossa realidade humana. Vencendo a morte, como a grande inimiga da humanidade, ele aparece como o primeiro chamado pelo Pai para a vida Eterna.
A alegria dos discípulos se transformará logo em um sinal permanente do encontro com Jesus Ressuscitado. O reconhecimento da presença viva dele, no meio da comunidade, terá como selo a alegria, a felicidade permanente.
O envio: é significativo o que Jesus disse a seus Apóstolos. “Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio”. Da mesma forma que o Pai o enviou, assim também Jesus Cristo os envia. A missão de Cristo se prolonga na missão dos seus seguidores. Qual é essa missão? Primeiro, a recepção do Espírito Santo e depois, o perdão dos pecados. Este poder de perdoar os pecados se expressa no dom do Espírito que será concedido a todos os que crerão graças à missão dos discípulos que se uniram à comunidade salvífica da Igreja.
Neste resumido relato, também se cumpre um dom prometido: a recepção do Espírito Santo, enviado pelo Pai e pelo Filho. Será no Pentecostes a grande manifestação do Espírito Santo, mesmo assim, Jesus ressuscitado adianta este dom inefável, que só Ele pode entregar.
A dúvida de Tomé: No relato, Tomé não estava no primeiro momento em que Jesus apareceu. Duvida, não acredita nos discípulos, duvida não só da ressurreição, mas do testemunho dos discípulos. Jesus se apresenta de novo a Tomé para que veja, olhe as suas mãos e o seu lado e com firmeza lhe diz: “Em vez de duvidar, deves crer”. Diante desta exortação a acreditar, e ser pessoa de fé, Tomé responde: “Meu Senhor e Meus Deus” Imediatamente Jesus pronuncia uma benção especial para todos os demais crentes que virão depois: “Felizes os que confiam em mim sem haver visto”.
A confissão de Tomé, é como se João, o evangelista, apresentasse o grande ápice da sua cristologia, aclamando a Jesus crucificado e exaltado como “Senhor e Deus”. Tomé é repreendido por exigir um sinal antes de se decidir a acreditar (felizes os que creram sem ter visto). A bênção final insiste no feito de que a fé dos cristãos que acreditaram sem ter visto não se diferencia em nada da fé dos primeiros discípulos. A fé de todos eles se fundamentará na presença do Senhor pelo Espírito.
Finalmente, o relato culmina lembrando que Jesus realizou muitos milagres que não estão escritos no livro (evangelho). Esclarece que os que foram escritos ali é para que creiam que Jesus é o Cristo. O sinal mais importante é que Jesus segue presente no meio da Igreja; essa é a grande revelação para o mundo. O trabalho dos discípulos então será suscitar a fé em Jesus como o Messias e Filho de Deus, fonte de vida eterna.
Poderíamos encerrar este momento dizendo que a síntese deste Segundo Domingo da Páscoa é: “UMA NOVA FORMA DE VIDA APARECEU NO MUNDO DEPOIS DA RESSURREIÇÃO DE CRISTO”: a comunidade dos que crêem, dos que são seus discípulos e também serão suas testemunhas na missão. É um estilo novo de vida e de ser Igreja.
Para ter presente:
A fé expressa a resposta humana a Deus que se revela com seu amor, sua sabedoria, seu poder, suas exigências, e inclusive a aceitação intelectual volitiva, a confiança e a obediência.
Outros textos bíblicos para comparar: Mt 28,16-20; Mc 16, 14-18; Lc 24, 36-49
2 - MEDITAÇÃO
O que o texto me diz? O que o texto nos diz?
Perguntas para a meditação.
Diante deste texto tão importante, perguntar-me:
• Quais são os medos que tenho para viver como discípulo do Senhor?
• Nossa comunidade é confiante para anunciar Jesus como o Cristo, o Senhor, o Messias? Ou ainda existem medos, temores, receios, obstáculos para sermos pessoas de fé?
• Nossa comunidade é como a que se apresenta nas leituras de hoje? O que falta à nossa comunidade para ser ela discípula e missionária?
• Creio que Jesus ressuscitou verdadeiramente? Pessoalmente, ainda tenho dúvidas ?
• Como os programas dos meios de comunicação influenciam para fazer-nos crer em outras coisas, como por exemplo, que todos os relatos da ressurreição são apenas fantasia? Nossas comunidades se deixam levar por esses programas? E os jovens, o que acham? Que fazemos para poder ser verdadeiras testemunhas e evangelizadores?
• Sou feliz verdadeiramente? Ou deixo que os problemas me tirem totalmente a alegria do Cristo Ressuscitado? Que coisas em minha vida dificultam a felicidade verdadeira do encontro com Cristo?
• Sinto-me enviado pelo Senhor, como Ele enviou os Apóstolos? Sou consciente deste envio?
• Posso dizer com certeza ao Senhor: “Meu Senhor e Meu Deus”? Que implicações tem esta confissão de fé? Supõe para mim alguma mudança de vida?
3 - ORAÇÃO
O que eu digo a Deus? O que nós dizemos a Deus?
Já dissemos que a Oração é a resposta a Deus que se manifesta. Propomos como modo de oração voltar à Louvação da Páscoa que a Igreja primitiva elaborou para a liturgia da Vigília Pascal:
LOUVAÇÃO DA PÁSCOA
Exultem enfim os coros dos anjos
Exultem as hierarquias do céu
E pela vitória do Rei tão poderoso
Que as trombetas anunciem a salvação
Rejubile também a terra,
Inundada por tão grande claridade,
Porque a luz de Cristo, o Rei eterno,
Dissipa as trevas de todo o mundo
Alegre-se a Igreja, nossa mãe,
Adornada com os fulgores de tão grande luz,
E ressoem neste templo as aclamações do povo de Deus.
É verdadeiramente nosso dever,
É nossa salvação proclamar com todo o fervor da alma e toda a nossa voz
Os louvores de Deus invisível, Pai onipotente,
E do seu Filho Unigênito, Jesus Cristo, nosso Senhor
Ele pagou por nós ao eterno Pai
a dívida por Adão contraída e
Com seu Sangue precioso
Apagou a condenação do antigo pecado.
Celebramos hoje as festas da Páscoa,
Em que é imolado o verdadeiro Cordeiro,
Cujo Sangue consagra as portas dos fiéis.
Esta é a noite,
Em que libertastes do cativeiro do Egito
Os filhos de Israel, nossos pais,
E os fizestes atravessar a pé enxuto o Mar Vermelho.
Esta é a noite,
Em que a coluna de
Fogo dissipou as trevas do pecado.
Esta é a noite,
Que liberta das trevas do pecado e da corrupção do mundo
Aqueles que hoje por toda a terra crêem em Cristo,
Noite que os restitui à graça
e os reúne na comunhão dos Santos
Esta é a noite,
Em que Cristo, quebrando as cadeias da morte,
Levanta-se vitorioso do túmulo.
De nada nos serviria ter nascido,
Se não tivéssemos sido resgatados.
Oh admirável condescendência da vossa graça!
Oh incomparável predileção do vosso amor!
Para resgatar o escravo, entregastes o Filho.
Oh necessário pecado de Adão,
que foi destruído pela morte de Cristo!
Oh ditosa culpa, que nos mereceu tão grande Redentor!
Oh noite bendita,
Única a ter conhecimento do tempo e da hora
Em que Cristo ressuscitou do sepulcro!
Esta é a noite,
Da qual está escrito:
A noite brilha como o dia
e a escuridão é clara como a luz.
Esta noite santa
Afugenta os crimes,
Lava as culpas;
Restitui a inocência aos pecadores,
Dá alegria aos tristes;
Derruba os poderosos,
Dissipa os ódios,
Estabelece a concórdia e a paz
Nesta noite de graça,
Aceitai Pai santo,
Este sacrifício vespertino de louvor,
Que, na solene oblação deste círio,
Pelas mãos dos seus ministros
Apresenta-vos a santa Igreja.
Agora conhecemos o sinal glorioso desta coluna de cera
Que uma chama de fogo acende em honra de Deus:
Esta chama que, ao repartir o seu esplendor, não diminui a sua luz;
Esta chama que se alimenta de cera, produzida pelo trabalho das abelhas,
Para formar este precioso luzeiro.
Oh noite ditosa,
Em que o céu se une à terra,
Em que o homem se encontra com Deus!
Nós Vos pedimos, Senhor, que este círio,
Consagrado ao vosso nome, arda incessantemente
Para dissipar as trevas da noite;
e, subindo para Vós, como suave perfume, junte a sua claridade à das estrelas do céu.
Que ele brilhe ainda quando se levantar o astro da manhã, aquele astro que não tem ocaso:
Jesus Cristo vosso Filho, que, ressuscitando de entre os mortos,
Iluminou o gênero humano com a sua luz e a sua paz
E vive glorioso pelos séculos dos séculos
Amém
De uma maneira especial queremos pedir ao Senhor por todas os trabalhadores no dia a eles dedicados. Para que cumpram a sua missão com gosto e satisfação, buscando preencher a necessidade daqueles que os procuram.
E também rezamos pelos que estão desempregados, para que não desanimem mas que continuem fazendo a sua parte e confiando na presença de Jesus em nosso meio.
4 - CONTEMPLAÇÃO
Como interiorizo a mensagem? Como interiorizamos a mensagem?
Para o momento da contemplação, sugerimos que você escolha uma frase do texto de João e a repita várias vezes durante esta semana. Pode ser também uma frase da Louvação da Páscoa. E finalizar com uma idéia fundamental como uma ação de graças em agradecimento pela fé.
5 – AÇÃO
Com que eu me comprometo? Com que nos comprometemos?
Propostas pessoais
• Se eu acredito que Jesus é o Senhor, o Messias que me salvou o que vou fazer para que outros percebam esta alegria? Propor uma ação concreta que mostre minha alegria pascal.
• Repetir a oração com este texto tão fundamental para nossa fé, e escrever as idéias principais em um caderno de oração.
Propostas Comunitárias
• Com seu grupo, elabore um cartaz onde se expresse nossa alegria cristã e deixe-o exposto para toda comunidade.
• Fazer um trabalho social em grupo como visitar doentes ou detentos ou anciãos ou pessoas necessitadas para conversar alegremente com eles de que somos testemunhas da Ressurreição do Senhor.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

CATEQUESE FAMILIAR

Diocese de Petrolina
Forania Oeste


Santa cruz da Venerada, 27 de abril de 2011
“A família é um dos tesouros mais importantes dos povos latino-americanos e caribenhos e é patrimônio da humanidade inteira. Em nossa condição de discípulos e missionários de Jesus Cristo, somos chamados a trabalhar para que tal situação seja transformada e a família assuma seu ser e sua missão no âmbito da sociedade e da Igreja” (DAp).
Com esta motivação, queremos convocar os catequistas das Paróquias da Forania Oeste para participarem do encontro de formação da Catequese Familiar neste dia 07 de maio de 2011 a partir das 8h30 em Dormentes – PE.
Não perca, sua presença é um sumo bem para o crescimento da Igreja de Jesus Cristo.
Em Jesus e em Maria, saúda fraternalmente:
Pe. Paulo Sérgio Vieira
Vigário Forânio

segunda-feira, 25 de abril de 2011

MENSAGEM DO PAPA PARA PÁSCOA

"Queridos irmãos e irmãs!

Cristo ressuscitado caminha à nossa frente para os novos céus e a nova terra (cf. Ap 21, 1), onde finalmente viveremos todos como uma única família, filhos do mesmo Pai. Ele está conosco até ao fim dos tempos. Sigamos as suas pegadas, neste mundo ferido, cantando o aleluia.


No nosso coração, há alegria e sofrimento; na nossa face, sorrisos e lágrimas. A nossa realidade terrena é assim, mas Cristo ressuscitou, está vivo e caminha conosco. Por isso, cantamos e caminhamos, fiéis ao nosso compromisso neste mundo, com o olhar voltado para o Céu.


Boa Páscoa a todos!"
Sua Santidade, Papa Bento XVI

sábado, 23 de abril de 2011

Lectio Divina

REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA
(LECTIO DIVINA)

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm

Oitava da Páscoa


Segunda-feira da Oitava da Páscoa


1) Oração

Ó Deus, que fazeis crescer a vossa Igreja
dando-lhe sempre novos filhos,
concedei que por toda a sua vida
estes vossos servos sejam fiéis ao sacramento do batismo
que receberam professando a fé.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho (Mateus 28, 8-15)


3) Reflexão
* Páscoa! O evangelho de hoje descreve a experiência de ressurreição das discípulas de Jesus. No início do seu evangelho, ao apresentar Jesus, Mateus tinha dito que Jesus é Emanuel, Deus Conosco (Mt 1,23). Agora, no fim, ele comunica e amplia a mesma certeza da fé, pois proclama que Jesus ressuscitou (Mt 28,6) e que ele estará conosco sempre, até o fim dos tempos! (Mt 28,20). Nas contradições da vida, esta verdade muitas vezes é contestada. Não faltam as oposições. Os inimigos, os chefes dos judeus, se defendem contra a Boa Notícia da ressurreição e mandaram dizer que o corpo foi roubado pelos discípulos (Mt 28,11-13). Tudo isto acontece hoje. De um lado, o esforço de tanta gente boa para viver e testemunhar a ressurreição. De outro lado, tanta gente maldosa que combate a ressurreição e a vida.
* No evangelho de Mateus, a verdade da ressurreição de Jesus é contada através de uma linguagem simbólica, que revela o sentido escondido dos acontecimentos. Mateus fala de tremor de terra, de relâmpagos e anjos que anunciam a vitória de Jesus sobre a morte (Mt 28,2-4). É a linguagem apocalíptica, muito comum naquela época, para anunciar que, finalmente, o mundo foi transformado pelo poder de Deus! Realizou-se a esperança dos pobres que reafirmam sua fé: “Ele está vivo, no meio de nós!”
* Mateus 28,8: A alegria da Ressurreição vence o medo. Na madrugada do domingo, o primeiro dia da semana, duas mulheres foram ao sepulcro, Maria Madalena e Maria de Tiago, chamada a outra Maria. De repente, a terra tremeu e um anjo apareceu como um relâmpago. Os guardas que estavam vigiando o túmulo desmaiaram. As mulheres ficaram com medo, mas o anjo as reanimou, anunciando a vitória de Jesus sobre a morte e enviando-as a reunir os discípulos de Jesus na Galiléia. É na Galiléia que eles poderão vê-lo de novo. Lá, onde tudo começou, acontecerá a grande revelação do Ressuscitado. A alegria da ressurreição começa a vencer o medo. Inicia-se o anúncio da vida e da ressurreição.
* Mateus 28,9-10,: A aparição de Jesus às mulheres. As mulheres saem correndo. Dentro delas, há um misto de medo e de alegria. Sentimentos próprios de quem faz uma profunda experiência do Mistério de Deus. De repente, o próprio Jesus vai ao encontro delas e diz: “Alegrem-se!”. Elas se prostram e o adoram. É a postura de quem acredita e acolhe a presença de Deus, mesmo que ela surpreenda e ultrapasse a capacidade humana de compreensão. Agora é o próprio Jesus que dá a ordem de reunir os irmãos na Galiléia: "Não tenham medo. Vão anunciar aos meus irmãos que se dirijam para a Galiléia. Lá eles me verão".
* Mateus 28,11-15: A astúcia dos inimigos da Boa Nova. A mesma oposição que Jesus encontrou em vida, aparece agora depois da sua ressurreição. Os chefes dos sacerdotes se reúnem e dão dinheiro aos guardas. Eles devem espalhar o boato de que os discípulos roubaram o corpo de Jesus e inventaram essa conversa de ressurreição. Os chefes recusam e combatem a Boa Notícia da Ressurreição. Preferem acreditar que tudo não passou de uma invenção dos discípulos e das discípulas de Jesus.
O significado do testemunho das mulheres. A presença das mulheres na morte, no enterro e na ressurreição de Jesus é significativa. Elas testemunharam a morte de Jesus (Mt 27,54-56). No momento do enterro, elas ficaram sentadas diante do sepulcro e, portanto, podiam dar testemunho do lugar onde fora colocado o corpo de Jesus (Mt 27,61). Agora, na madrugada do domingo, elas estão lá de novo. Sabem que aquele sepulcro vazio é realmente o de Jesus! A profunda experiência de morte e ressurreição que elas fizeram transformou suas vidas. Elas mesmas ressuscitaram e se tornaram testemunhas qualificadas da ressurreição nas Comunidades cristãs. Por isso, recebem a ordem de anunciar: "Jesus está vivo! Ele ressuscitou!"

4) Para um confronto pessoal
1) Qual é a experiência de ressurreição na minha vida? Existe em mim alguma força que procura combater a experiência de ressurreição? Como reajo?
2) Qual é hoje a missão da nossa comunidade como discípulos e discípulas de Jesus? De onde podemos tirar força e coragem para cumprir nossa missão?

5) Oração final

Bendigo o SENHOR que me aconselhou;
mesmo de noite meu coração me instrui.
Sempre coloco à minha frente o SENHOR,
ele está à minha direita, não vacilo. (Sl 15, 7-8)














Terça-feira da Oitava da Páscoa


1) Oração

Ó Deus, que nos concedestes a salvação pascal,
acompanhai o vosso povo com vossos dons celestes,
para que, tendo conseguido a verdadeira liberdade,
possa um dia alegra-se no céu,
como exulta agora na terra.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho (João 20, 11-18)

.

3) Reflexão
* O evangelho de hoje descreve a aparição de Jesus a Maria Madalena. A morte do seu grande amigo levou Maria a uma perda do sentido da vida. Mas ela não desistiu da busca. Foi ao sepulcro para reencontrar aquele que a morte lhe tinha roubado. Há momentos na vida em que tudo desmorona. Parece que tudo acabou. Morte, desastre, doença, decepção, traição! Tantas coisas que podem tirar o chão debaixo dos pés e jogar-nos numa crise profunda. Mas também acontece o seguinte. Como que de repente, o reencontro com uma pessoa amiga pode refazer a vida e nos fazer redescobrir que o amor é mais forte do que a morte e a derrota.
* O Capítulo 20 de João, além da aparição de Jesus a Madalena, traz vários outros episódios que revelam a riqueza da experiência da ressurreição: (1) do discípulo amado e de Pedro (Jo 20,1-10); (2) de Maria Madalena (Jo 20,11-18); (3) da comunidade dos discípulos (Jo 20,19-23) e (4) do apóstolo Tomé (Jo 20,24-29). O objetivo da redação do Evangelho é levar as pessoas a crer em Jesus e, acreditando nele, ter a vida (Jo 20,30-3).
* Na maneira de descrever a aparição de Jesus a Maria Madalena transparecem as etapas da travessia que ela teve de fazer, desde a busca dolorosa até o reencontro da Páscoa. Estas são também as etapas pelas quais passamos todos nós, ao longo da vida, na busca em direção a Deus e na vivência do Evangelho.
* João 20,11-13: Maria Madalena chora, mas busca Havia um amor muito grande entre Jesus e Maria Madalena. Ela foi uma das poucas pessoas que tiveram a coragem de ficar com Jesus até a hora da sua morte na cruz. Depois do repouso obrigatório do sábado, ela voltou ao sepulcro para estar no lugar onde tinha encontrado o Amado pela última vez. Mas, para a sua surpresa, o sepulcro estava vazio! Os anjos perguntam: "Por que você chora?" Resposta: "Levaram meu senhor e não sei onde o colocaram!" Maria Madalena buscava o Jesus, o mesmo Jesus, que ela tinha conhecido e com quem tinha convivido durante três anos.
* João 20,14-15: Maria Madalena conversa com Jesus sem reconhecê-lo . Os discípulos de Emaús viram Jesus mas não o reconheceram (Lc 24,15-16). O mesmo acontece com Maria Madalena. Ela vê Jesus, mas não o reconhece. Pensa que é o jardineiro. Como os anjos, Jesus pergunta: "Por que você chora?" E acrescenta: "A quem está procurando?" Resposta: "Se foi você que o levou, diga-me, que eu vou buscá-lo!" Ela ainda busca o Jesus do passado, o mesmo de três dias atrás. É a imagem de Jesus do passado que a impede de reconhecer o Jesus vivo, presente na frente dela.
* João 20,16: Maria Madalena reconhece Jesus . Jesus pronuncia o nome: "Maria!" Foi o sinal de reconhecimento: a mesma voz, o mesmo jeito de pronunciar o nome. Ela responde: "Mestre!" Jesus tinha voltado, o mesmo que tinha morrido na cruz. A primeira impressão é que a morte foi apenas um incidente doloroso de percurso, mas que agora tudo tinha voltado a ser como antes. Maria abraça Jesus com força. Era o mesmo Jesus que ela tinha conhecido e amado. Realiza-se o que dizia a parábola do Bom Pastor: "Ele as chama pelo nome e elas conhecem a sua voz". - "Eu conheço as minhas ovelhas e elas me conhecem" (Jo 10,3.4.14).
4. João 20,17-18: Maria Madalena recebe a missão de anunciar a ressurreição aos apóstolos . De fato, é o mesmo Jesus, mas a maneira de ele estar junto dela já não é mais a mesma. Jesus lhe diz: "Não me segure, porque anda não subi para o Pai!" Ele vai para junto do Pai. Maria Madalena deve soltar Jesus e assumir sua missão: anunciar aos irmãos que ele, Jesus, subiu para o Pai. Jesus abriu o caminho para nós e fez com que Deus ficasse, de novo, perto de nós.

4) Para um confronto pessoal
1. Você já passou por uma experiência que lhe deu um sentimento de perda e de morte? Como foi? O que foi que lhe trouxe vida nova e lhe devolveu a esperança e a alegria de viver?
2. Qual a mudança que se operou em Maria Madalena ao longo do diálogo? Maria Madalena buscava Jesus de um jeito e o reencontrou de outro jeito. Como isto acontece hoje na nossa vida?

5) Oração final

Nossa alma espera pelo SENHOR,
é ele o nosso auxílio e o nosso escudo.
SENHOR, esteja sobre nós a tua graça,
do modo como em ti esperamos. (Sl 32, 20.22)






















Quarta-feira da Oitava da Páscoa


1) Oração

Ó Deus, que nos alegrais todos os anos
com a solenidade da ressurreição do Senhor,
concedei-nos, pelas festas que celebramos nesta vida,
chegar às eternas alegrias.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho (Lucas 24, 13-35)


3) Reflexão Lucas 24,13-35
* O evangelho de hoje traz o episódio tão conhecido da aparição de Jesus aos discípulos de Emaús. Lucas escreve nos anos 80 para as comunidades da Grécia que na sua maioria eram de pagãos convertidos. Os anos 60 e 70 tinham sido muito difíceis. Houve a grande perseguição de Nero em 64. Seis anos depois em 70, Jerusalém foi totalmente destruída pelos romanos. Em 72, em Massada no deserto de Judá, foi o massacre dos últimos judeus revoltosos. Nesses anos todos, os apóstolos, testemunhas da ressurreição, foram desaparecendo. O cansaço ia tomando conta da caminhada. Onde encontrar força e coragem para não desanimar? Como descobrir a presença de Jesus nesta situação tão difícil? A narração da aparição de Jesus aos discípulos de Emaús procura ser uma resposta para estas perguntas angustiantes. Lucas quer ensinar as comunidades como interpretar a Escritura para poder redescobrir a presença de Jesus na vida.
* Lc 24,13-24: 1º Passo: partir da realidade. Jesus encontra os dois amigos numa situação de medo e de descrença. As forças de morte, a cruz, tinham matado neles a esperança. Era a situação de muita gente no tempo de Lucas e continua sendo a situação de muitos hoje em dia. Jesus se aproxima e caminha com eles, escuta a conversa e pergunta: "De que estão falando?" A ideologia dominante, isto é, a propaganda do governo e da religião oficial da época, impedia-os de enxergar. "Nós esperávamos que ele fosse o libertador, mas...". Qual é hoje a conversa do povo que sofre?
O primeiro passo é este: aproximar-se das pessoas, escutar sua realidade, sentir seus problemas; ser capaz de fazer perguntas que ajudem as pessoas a olhar a realidade com um olhar mais crítico.
* Lc 24,25-27: 2º Passo: usar a Bíblia para iluminar a vida. Jesus usa a Bíblia e a história do povo de Deus para iluminar o problema que fazia sofrer os dois amigos, e para esclarecer a situação que eles estavam vivendo. Usa-a também para situá-los dentro do conjunto do projeto de Deus que vinha desde Moisés e os profetas. Ele mostra assim que a história não tinha escapado da mão de Deus. Jesus usa a Bíblia não como um doutor que já sabe tudo, mas como o companheiro que vem ajudar os amigos a lembrar o que estes tinham esquecido. Jesus não provoca complexo de ignorância nos discípulos, mas procura despertar neles a memória: “Como vocês demoram para entender o que os profetas anunciaram!”.
O segundo passo é este: com a ajuda da Bíblia, ajudar as pessoas a descobrir a sabedoria que já existe dentro delas mesmas, e transformar a cruz, sinal de morte, em sinal de vida e de esperança. Aquilo que as impedia de caminhar, torna-se agora força e luz na caminhada. Como fazer isto hoje?
3. Lc 24,28-32: 3º Passo: partilhar na comunidade. A Bíblia, ela por si, não abre os olhos. Apenas faz arder o coração. O que abre os olhos e faz enxergar, é a fração do pão, o gesto comunitário da partilha, rezar juntos, a celebração da Ceia. No momento em que os dois reconhecem Jesus, eles renascem e Jesus desaparece. Jesus não se apropria da caminhada dos amigos. Não é paternalista. Ressuscitados, os discípulos são capazes de caminhar com seus próprios pés.
O terceiro passo é este: saber criar um ambiente de fé e de fraternidade, de celebração e de partilha, onde possa atuar o Espírito Santo. É ele que nos faz descobrir e experimentar a Palavra de Deus na vida e nos leva a entender o sentido das palavras de Jesus (Jo 14,26; 16,13).
4. Lc 24,33-35: O resultado: Ressuscitar e voltar para Jerusalém. Os dois criam coragem e voltam para Jerusalém, onde continuavam ativas as mesmas forças de morte que tinham matado Jesus e que tinham matado neles a esperança. Mas agora tudo mudou. Se Jesus está vivo, então nele e com ele está um poder mais forte do que o poder que o matou. Esta experiência os faz ressuscitar! Realmente tudo mudou! Coragem, em vez de medo! Retorno, em vez de fuga! Fé, em vez de descrença! Esperança, em vez de desespero! Consciência crítica, em vez de fatalismo frente ao poder! Liberdade, em vez de opressão! Numa palavra: vida, em vez de morte! Em vez da má noticia da morte de Jesus, a Boa Notícia da sua Ressurreição! Os dois experimentam a vida, e vida em abundância! (Jo 10,10). Sinal do Espírito de Jesus atuando neles!

4) Para um confronto pessoal
1. Os dois disseram: “Nós esperávamos, mas….!” Você já viveu uma situação de desânimo que o levou a dizer: “Eu esperava, mas...!”?
2. Como você lê, usa e interpreta a Bíblia? Já sentiu arder o coração ao ler e meditar a Palavra de Deus? Lê a Bíblia sozinho ou faz parte de algum grupo bíblico?

5) Oração final

Celebrai o SENHOR, invocai seu nome,
manifestai entre as nações suas grandes obras.
Cantai em sua honra, tocai para ele,
recordai todos os seus milagres.
Gloriai-vos do seu santo nome,
alegre-se o coração dos que buscam o SENHOR. (Sl 104, 1-3)















Quinta-feira da Oitava da Páscoa


1) Oração

Ó Deus, que reunistes povo tão diversos
no louvor do vosso nome,
concedei aos que renasceram nas águas do batismo
ter no coração a mesma fé
e na vida a mesma caridade.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho (Lucas 24, 35-48)


3) Reflexão
* Nestes dias depois da Páscoa, os textos do evangelho relatam as aparições de Jesus. No início, nos primeiros anos depois da morte e ressurreição de Jesus, os cristãos não se preocupavam em defender a ressurreição por meio das aparições. Eles mesmos, a comunidade viva, era a grande aparição de Jesus ressuscitado. Mas na medida em que cresciam as críticas dos inimigos contra a fé na ressurreição e que, internamente, surgiam críticas e dúvidas a respeito das várias funções nas comunidades (cf. 1Cor 1,12), eles começaram a lembrar as aparições de Jesus. Há dois tipos de aparições: (1) as que acentuam as dúvidas e resistências dos discípulos em crer na ressurreição, e (2) as que chamam a atenção para as ordens de Jesus aos discípulos e discípulas conferindo-lhes alguma missão. As primeiras respondem às críticas vindas de fora. Elas mostram que os cristãos não são pessoas ingênuas e crédulas que aceitam qualquer coisa. Pelo contrário. Eles mesmos tiveram muitas dúvidas em crer na ressurreição. As outras respondem às críticas de dentro e fundamentam as funções e tarefas comunitárias não nas qualidades humanas sempre discutíveis, mas sim na autoridade e nas ordens recebidas do próprio Jesus ressuscitado. A aparição de Jesus narrada no evangelho de hoje combina os dois aspectos: as dúvidas dos discípulos e a missão de anunciar e perdoar recebida de Jesus.
* Lucas 24,35: O resumo de Emaús. De retorno a Jerusalém, os dois discípulos encontram a comunidade reunida e comunicam a experiência que tiveram. Narram o que aconteceu no caminho e como reconheceram Jesus na fração do pão. A comunidade reunida, por sua vez, comunica a eles como Jesus aparecera a Pedro. Foi uma partilha mútua da experiência de ressurreição, como até hoje acontece quando as comunidades se reúnem para partilhar e celebrar sua fé, sua esperança e seu amor.
* Lucas 24,36-37: A aparição de Jesus causa espanto nos discípulos. Neste momento, Jesus se faz presente no meio deles e diz: “A Paz esteja com vocês!” É a saudação mais freqüente de Jesus: “A Paz esteja com vocês!” (Jo 14,27; 16,33; 20,19.21.26). Mas os discípulos, ao verem Jesus, ficam com medo. Eles se espantam e não reconhecem Jesus. Diante deles está o Jesus real, mas eles imaginam estar vendo um espírito, um fantasma. Há um desencontro entre Jesus de Nazaré e Jesus ressuscitado. Não conseguem crer.
* Lucas 24,38- 40: Jesus os ajuda a superar o medo e a incredulidade. Jesus faz duas coisas para ajudar os discípulos a superar o espanto e a incredulidade. Ele mostra as mãos e os pés, dizendo: “Sou eu!”, e manda apalpar o corpo, dizendo: “Espírito não tem carne nem osso como vocês estão vendo que eu tenho!” Jesus mostra as mãos e os pés, porque é neles que estão as marcas dos pregos (cf. Jo 20,25-27). O Cristo ressuscitado é Jesus de Nazaré, o mesmo que foi morto na Cruz, e não um Cristo fantasma como imaginavam os discípulos ao vê-lo. Ele mandou apalpar o corpo, porque a ressurreição é ressurreição da pessoa toda, corpo e alma. A ressurreição não tem nada a ver com a teoria da imortalidade da alma, ensinada pelos gregos.
* Lucas 24,41-43: Outro gesto para ajuda-los a superar a incredulidade. Mas não bastou. Lucas diz que por causa de tanta alegria eles não podiam crer. Jesus pede que lhe dêem algo para comer. Eles deram um pedaço de peixe e ele comeu diante deles, para ajuda-los a superar a dúvida.
* Lucas 24,44-47: Uma chave de leitura para compreender o sentido novo da Escritura. Uma das maiores dificuldades dos primeiros cristãos era aceitar um crucificado como sendo o messias prometido, pois a própria lei de Deus ensinava que uma pessoa crucificada era “um maldito de Deus” (Dt 21,22-23). Por isso, era importante saber que a própria Escritura já tinha anunciado que “o Cristo devia sofrer e ressuscitar dos mortos ao terceiro dia e que em seu nome fosse proclamado o arrependimento para o perdão dos pecados a todas as nações”. Jesus mostrou a eles como isto já estava escrito na Lei de Moisés, nos profetas e nos Salmos. Jesus ressuscitado, vivo no meio deles, se torna a chave para abrir o sentido total da Sagrada Escritura.
* Lucas 24,48: Vocês são testemunhas disso. Nesta ordem final está toda a missão das comunidades cristãs: ser testemunha da ressurreição, para que se torne manifesto o amor de Deus que nos acolhe e nos perdoe, e quer que vivamos em comunidade como seus filhos e filhas, irmãos e irmãs uns dos outros.

4) Para um confronto pessoal
1) Às vezes, a incredulidade e a dúvida se aninham no coração e procuram enfraquecer a certeza que a fé nos dá a respeito da presença de Deus em nossa vida. Você já viveu isto alguma vez? Como o superou?
2) Ser testemunha do amor de Deus revelado em Jesus é a nossa missão, a minha missão. Será que eu sou?

5) Oração final

Ó SENHOR, nosso Deus,
como é glorioso teu nome em toda a terra!
Sobre os céus se eleva a tua majestade!
Que coisa é o homem, para dele te lembrares,
que é o ser humano, para o visitares? (Sl 8, 2.5)













Sexta-feira da Oitava da Páscoa


1) Oração

Deus eterno e todo-poderoso,
que no Sacramento pascal restaurastes vossa aliança,
reconciliando convosco a humanidade,
concedei-nos realizar em nossa vida
o mistério que celebramos na fé.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho (João 21, 1-14)


3) Reflexão
* O Capítulo 21 do evangelho de São João parece um apêndice que foi acrescentado mais tarde depois que o evangelho já estava terminado. A conclusão do capítulo anterior (Jo 20,30-31) ainda deixa perceber que se trata de um acréscimo. De qualquer maneira, acréscimo ou não, é Palavra de Deus que traz uma bonita mensagem de ressurreição para esta sexta feira da semana de Páscoa.
* João 21,1-3: O pescador de homens volta a ser pescador de peixes. Jesus morreu e ressuscitou. No fim daqueles três anos de convivência com Jesus, os discípulos voltaram para a Galiléia. Um grupo deles está de novo diante do lago. Pedro retoma o passado e diz: “Eu vou pescar!” Os outros disseram: “Nós vamos com você!” Assim, Tomé, Natanael, João e Tiago junto com Pedro saíram de barco e foram pescar. Retomaram a vida do passado como se nada tivesse acontecido. Mas algo aconteceu. Algo estava acontecendo! O passado não voltou! “Não pagaram nada!” Voltaram à praia cansados. Foi uma noite frustrante.
* João 21,4-5: O contexto da nova aparição de Jesus. Jesus estava na praia, mas eles não o reconheceram. Jesus pergunta: “Moços, por acaso vocês alguma coisa para comer?” Responderam: “Não!” Na resposta negativa reconheceram que a noite tinha sido frustrante e que não pescaram nada. Eles tinham sido chamados para serem pescadores de homens (Mc 1,17; Lc 5,10), e voltaram a ser pescadores de peixes. Mas algo mudou em suas vidas! A experiência de três anos com Jesus provocou neles uma mudança irreversível. Já não era possível voltar para atrás como se nada tivesse acontecido, como se nada tivesse mudado.
* João 21,6-8: Lancem a rede do lado direito do barco e vocês vão encontrar. Eles fizeram algo que, provavelmente, nunca tinham feito na vida. Cinco pescadores experimentados obedecem a um estranho que mandou fazer algo que contrastava com a experiência deles. Jesus, aquela pessoa desconhecida que estava na praia, mandou que jogassem a rede do lado direito do barco. Eles obedeceram, jogaram a rede, e foi um resultado inesperado. A rede ficou cheia de peixes! Como era possível! Como explicar esta surpresa fora de qualquer previsão? O amor faz descobrir. O discípulo amado diz: “É o Senhor!” Esta intuição clareou tudo. Pedro se jogou na água para chegar mais depressa perto de Jesus. Os outros discípulos vieram mais devagar com o barco arrastando a rede cheia de peixes.
* João 21,9-14: A delicadeza de Jesus. Chegando em terra, viram que Jesus tinha aceso umas brasas e que estava assando peixe e pão. Ele pediu que trouxessem mais uns peixes. Imediatamente, Pedro subiu no barco, arrastou a rede com cento e cinquenta e três peixes. Muito peixe, e a rede não se rompeu. Jesus chamou a turma: “Venham comer!” Ele teve a delicadeza de preparar algo para comer depois de uma noite frustrada sem pescar nada. Gesto bem simples que revela algo do amor com que o Pai nos ama. “Quem vê a mim vê o Pai” (Jo 14,9). Nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar quem era ele, pois sabiam que era o Senhor. E evocando a eucaristia, o evangelista João completou: “Jesus se aproximou, tomou o pão e distribuiu para eles”. Sugere assim que a eucaristia é o lugar privilegiado para o encontro com Jesus ressuscitado.

4) Para um confronto pessoal
1) Já aconteceu com você ter que te pediram jogar a rede do lado direito do barco da sua vida, contrariando toda a sua experiência? Você obedeceu? Jogou a rede?
2) A delicadeza de Jesus. Como é a sua delicadeza nas coisas pequenas da vida?

5) Oração final

Celebrai o SENHOR, porque ele é bom;
pois eterno é seu amor.
Que Israel diga: eterno é seu amor.
Que a casa de Aarão diga: eterno é seu amor.
Digam os que temem o SENHOR: eterno é seu amor. (Sl 117, 1-4)































Sábado da Oitava da Páscoa


1) Oração

Ó Deus, que pela riqueza da vossa graça
multiplicai os povos que creem em vós,
contemplai solícitos aqueles que escolhestes
e dai aos que renasceram pelo batismo
a veste da imortalidade.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo..

2) Leitura do Evangelho (Marcos 16, 9-15)


3) Reflexão
* O evangelho de hoje faz parte de uma unidade literária mais ampla (Mc 16,9-20) que traz uma lista ou um resumo de várias aparições de Jesus: (1) Jesus aparece a Maria Madalena, mas os discípulos não aceitam o testemunho dela (Mc 16,9-11); (2) Jesus aparece a dois discípulos, mas os outros não creram no testemunho deles (Mc 16,12-13); (3) Jesus aparece aos Onze, critica a falta de fé e dá ordem de anunciar a Boa Nova a todos (Mc 16,14-18); (4) Jesus sobe ao céu e continua cooperando com os discípulos (Mc 16,19-20).
* Além desta lista de aparições do evangelho de Marcos, existem outras listas de aparições que nem sempre coincidem entre si. Por exemplo, a lista conservada por Paulo na carta aos Coríntios é bem diferente (1 Cor 15,3-8). Esta variedade mostra que, inicialmente, os cristãos não se preocupavam em provar a ressurreição por meio das aparições. Para eles a fé na ressurreição era tão evidente e tão vivida, que não havia necessidade de prova. Uma pessoa que toma banho de sol na praia não se preocupa em provar que o sol existe. Ela mesma, bronzeada, é a prova viva de que o sol existe. As comunidades, elas mesmas, existindo no meio daquele império imenso, eram uma prova viva da ressurreição. As listas das aparições começam a aparecer mais tarde, na segunda geração, para rebater as críticas dos adversários.
* Marcos 16,9-11: Jesus aparece a Maria de Mágdala, mas os outros discípulos não creram nela. Jesus aparece primeiro a Maria Madalena. Ela foi anunciá-lo aos outros. Para vir ao mundo, Deus quis depender do sim de uma jovem de 15 ou 16 anos, chamada Maria, lá de Nazaré (Lc 1,38). Para ser reconhecido como vivo no meio de nós, quis depender do anúncio de uma moça que tinha sido libertada de sete demônios, também chamada Maria, lá de Mágdala! (Por isso, era chamada Maria Magdalena). Mas os outros não acreditaram nela. Marcos diz que Jesus apareceu primeiro a Madalena. Na lista das aparições, transmitida na carta aos Coríntios (1 Cor 15,3-8), já não constam as aparições de Jesus às mulheres. Os primeiros cristãos tiveram dificuldade de crer no testemunho das mulheres. É pena!
* Marcos 16,12-13: Jesus aparece a dois discípulos, mas os outros não creram neles. Sem muitos detalhes, Marcos se refere a uma aparição de Jesus a dois discípulos, “enquanto estavam a caminho do campo”. Trata-se, provavelmente, de um resumo da aparição de Jesus aos discípulos de Emaús, narrada por Lucas (Lc 24,13-35). Marcos insiste em dizer que “os outros não acreditaram nem mesmo nestes”.
* Marcos 16,14-15: Jesus critica a incredulidade e manda anunciar a Boa Nova a todas as criaturas. Por fim, Jesus aparece aos onze discípulos e os repreende por não terem acreditado nas pessoas que o tinham visto ressuscitado. Novamente, Marcos se refere à resistência dos discípulos em crer no testemunho daqueles e daquelas que experimentaram a ressurreição de Jesus. Por que será? Provavelmente, para ensinar três coisas. Primeiro, que a fé em Jesus passa pela fé nas pessoas que dão testemunho dele. Segundo, que ninguém deve desanimar, quando a dúvida e a descrença nascem no coração. Terceiro, para rebater as críticas dos que diziam que cristão é ingênuo e aceita sem crítica qualquer notícia, pois os onze discípulos tiveram muita dificuldade em aceitar a verdade da ressurreição!
* O evangelho de hoje termina com o envio: “Ide pelo mundo inteiro e proclamai a Boa Nova a toda criatura!” Jesus lhes confere a missão de anunciar a Boa Nova a toda a criatura.
4) Para um confronto pessoal
1) Maria Madalena, os dois discípulos de Emaús e os onze discípulos: quem é que teve maior dificuldade em crer na ressurreição? Por que? Eu me identifico com qual deles?
2) Quais são os sinais que mais convencem as pessoas da presença de Jesus no nosso meio?

5) Oração final

O SENHOR é justo em todos os seus caminhos,
santo em todas as suas obras.
O SENHOR está perto de todos os que o invocam,
dos que o invocam de coração sincero. (Sl 144, 17-18)

quinta-feira, 21 de abril de 2011

O projeto Lectionautas – O que é?

Um programa para Internautas jovens oferecendo itinerários e instrumentos para capacitá-los a serem discípulos/as missionários/as, mediante a escuta e anúncio da Palavra de Deus com o método da Lectio Divina, adaptada à linguagem jovem.



Lectio Divina



ENTRE AS MUITAS FORMAS DE SE APROXIMAR da Sagrada Escritura existe uma privilegiada à qual todos estamos convidados: a Lectio divina ou exercício de leitura orante da Sagrada Escritura. Esta leitura orante, bem praticada, conduz ao encontro com Jesus-Mestre, ao conhecimento do mistério de Jesus-Messias, à comunhão com Jesus- -Filho de Deus e ao testemunho de Jesus-Senhor do universo. Com seus quatro momentos (leitura, meditação, oração, contemplação), a leitura orante favorece o encontro pessoal com Jesus Cristo de modo semelhante ao de tantos personagens do evangelho: Nicodemos e sua ânsia de vida eterna (cf. Jo 3.1-21), a samaritana e seu desejo de culto verdadeiro (cf. Jo 4.1-12), o cego de nascimento e seu desejo de luz interior (cf. Jo 9), Zaqueu e sua vontade de ser diferente (cf. Lc 19.1-10)... Todos eles, graças a este encontro, foram iluminados e recriados porque se abriram à experiência da misericórdia do Pai que se oferece por sua Palavra de verdade e vida.” (Documento de Aparecida nª 249)



Carta de Dom Jacinto Bergmann

Queridos Jovens!
É bom demais termos o “Projeto Lectionautas” agora também no Brasil: nós jovens podermos navegar na Internet e sermos conectados com a Leitura Orante da Palavra de Deus através do método da Lectio Divina e, assim, nos deixarmos possuir por essa Palavra “viva e eficaz”.
Os Bispos do Brasil, reunidos em Brasília, nos dias 4 a 13 de maio de 2010, em Assembléia Geral, estudaram, refletiram e rezaram sobre o tema da Palavra de Deus. Na sua “Mensagem sobre a Palavra de Deus e a Animação Bíblica de toda a Pastoral”, eles afirmam:
“Com a Bíblia na mão, a Palavra de Deus no coração e com os pés na missão, somos convocados à prática da Leitura Orante. Feita com todo empenho em nível pessoal e comunitário, ela vai nos educar na fé proporcionando uma catequese bíblica, que forma discípulos apaixonados por Jesus Cristo. Ela nos leva a celebrar a esperança na liturgia, que dispõe para a plena comunhão com Deus, que se realiza na Eucaristia. Ela, enfim, fortalece-nos na missão de anunciar a Palavra a todos os povos por meio de uma caridade criativa. Quando pessoas e comunidades são transformadas pela Palavra, multiplicam-se na Igreja e na sociedade frutos de amor, solidariedade, justiça e paz.
Convidamos todas as Igrejas particulares, com suas pastorais, movimentos, organismos, associações, novas comunidades, círculos bíblicos, grupos de família e outras expressões comunitárias, a fazer um verdadeiro mutirão de Leitura Orante em seus diversos métodos, entre os quais se destaca a Lectio Divina.
Deixemo-nos cativar pela Palavra. Ela faz arder nossos corações, abrir nossas mãos e torna velozes os nossos pés na missão. Maria, modelo perfeito de acolhida e de seguimento da Palavra nos acompanhe na escuta orante e na dedicação generosa ao anúncio da Palavra a partir do testemunho da nossa vida.”
Deixo a vocês jovens de todo o Brasil o meu abraço de irmão e amante da Palavra de Deus. Aproveitem o máximo o portal “Lectionautas”. Que Jesus Cristo - Caminho certo, Verdade segura e Vida plena por ser “o Verbo de Deus feito carne” - seja sempre mais o nosso sentido maior e nossa felicidade.
Com minha bênção episcopal,
Dom Jacinto Bergmann,
Bispo de Pelotas e
Responsável pela Animação Bíblica na Comissão Episcopal Pastoral Bíblico-Catequética da CNBB.

Eucaristia é o sacramento da unidade, diz Bento XVI .


“O objetivo próprio e último da transformação eucarística é a nossa transformação na comunhão com Cristo. A Eucaristia tem em vista o homem novo, com uma novidade tal que assim só pode nascer a partir de Deus e por meio da obra do Servo de Deus”.

A afirmação é do papa Bento XVI feita na homilia da missa da Ceia do Senhor, que presidiu hoje, na Basílica de São João de Latrão. Nesta missa, que abre o Tríduo Pascal, recorda-se a instituição da eucaristia e do sacerdócio ministerial e o mandamento do amor. Durante a cerimônia, recorda-se o gesto de Jesus que, na última ceia, lavou os pés de seus apóstolos.

Bento XVI ressaltou que a eucaristia é sacramento da unidade. “Ela chega até ao mistério trinitário, e assim cria, ao mesmo tempo, a unidade visível. Digamo-lo uma vez mais: a Eucaristia é o encontro pessoalíssimo com o Senhor e, no entanto, não é jamais apenas um ato de devoção individual; celebramo-la necessariamente juntos. Em cada comunidade, o Senhor está presente de modo total; mas Ele é um só em todas as comunidades”, disse.

Veja a homilia na íntegra

Amados irmãos e irmãs!
«Desejei ardentemente comer convosco esta Páscoa, antes de padecer» (Lc 22, 15): com estas palavras Jesus inaugurou a celebração do seu último banquete e da instituição da sagrada Eucaristia. Jesus foi ao encontro daquela hora, desejando-a. No seu íntimo, esperou aquele momento em que haveria de dar-Se aos seus sob as espécies do pão e do vinho. Esperou aquele momento que deveria ser, de algum modo, as verdadeiras núpcias messiânicas: a transformação dos dons desta terra e o fazer-Se um só com os seus, para transformá-los e inaugurar assim a transformação do mundo. No desejo de Jesus, podemos reconhecer o desejo do próprio Deus: o seu amor pelos homens, pela sua criação, um amor em expectativa. O amor que espera o momento da união, o amor que quer atrair os homens a si, para assim realizar também o desejo da própria criação: esta, de fato, aguarda a manifestação dos filhos de Deus (cf. Rm 8, 19). Jesus deseja-nos, aguarda-nos. E nós, temos verdadeiramente desejo d’Ele? Sentimos, no nosso interior, o impulso para encontrá-lo? Ansiamos pela sua proximidade, por nos tornarmos um só com Ele, dom este que Ele nos concede na sagrada Eucaristia? Ou, pelo contrário, sentimo-nos indiferentes, distraídos, inundados por outras coisas? Sabemos pelas parábolas de Jesus sobre banquetes, que Ele conhece a realidade dos lugares que ficam vazios, a resposta negativa, o desinteresse por Ele e pela sua proximidade. Os lugares vazios no banquete nupcial do Senhor, com ou sem desculpa, há já algum tempo que deixaram de ser para nós uma parábola, tornando-se uma realidade, justamente naqueles países aos quais Ele tinha manifestado a sua proximidade particular. Jesus sabia também de convidados que viriam sim, mas sem estar vestidos de modo nupcial: sem alegria pela sua proximidade, fazendo-o somente por costume e com uma orientação bem diversa na sua vida. São Gregório Magno, numa das suas homilias, perguntava-se: Que gênero de pessoas são aquelas que vêm sem hábito nupcial? Em que consiste este hábito e como se pode adquiri-lo? Eis a sua resposta: Aqueles que foram chamados e vêm, de alguma maneira têm fé. É a fé que lhes abre a porta; mas falta-lhes o hábito nupcial do amor. Quem não vive a fé como amor, não está preparado para as núpcias e é expulso. A comunhão eucarística exige a fé, mas a fé exige o amor; caso contrário, está morta, inclusive como fé.

Sabemos pelos quatro Evangelhos, que o último banquete de Jesus, antes da Paixão, foi também um lugar de anúncio. Jesus propôs, uma vez mais e com insistência, os elementos estruturais da sua mensagem. Palavra e Sacramento, mensagem e dom estão inseparavelmente unidos. Mas, durante o último banquete, Jesus sobretudo rezou. Mateus, Marcos e Lucas usam duas palavras para descrever a oração de Jesus no momento central da Ceia: eucharistesas e eulogesas – agradecer e abençoar. O movimento ascendente do agradecimento e o movimento descendente da bênção aparecem juntos. As palavras da transubstanciação são uma parte desta oração de Jesus. São palavras de oração. Jesus transforma a sua Paixão em oração, em oferta ao Pai pelos homens. Esta transformação do seu sofrimento em amor possui uma força transformadora dos dons, nos quais agora Jesus Se dá a Si mesmo. Ele no-los dá, para nós e o mundo sermos transformados. O objetivo próprio e último da transformação eucarística é a nossa transformação na comunhão com Cristo. A Eucaristia tem em vista o homem novo, com uma novidade tal que assim só pode nascer a partir de Deus e por meio da obra do Servo de Deus.

A partir de Lucas e sobretudo de João, sabemos que Jesus, na sua oração durante a Última Ceia, dirigiu também súplicas ao Pai – súplicas que, ao mesmo tempo, contêm apelos aos seus discípulos de então e de todos os tempos. Nesta hora, queria escolher somente uma súplica que, segundo João, Jesus repetiu quatro vezes na sua Oração Sacerdotal. Como O deve ter angustiado no seu íntimo! Tal súplica continua sem cessar sendo a sua oração ao Pai por nós: trata-se da oração pela unidade. Jesus diz explicitamente que tal súplica vale não somente para os discípulos então presentes, mas tem em vista todos aqueles que hão de acreditar n’Ele (cf. Jo 17, 20). Pede que todos se tornem um só, «como Tu, ó Pai, estás em Mim, e Eu em Ti, que eles também estejam em nós, para que o mundo acredite» (Jo 17, 21). Só pode haver a unidade dos cristãos se estes estiverem intimamente unidos com Ele, com Jesus. Fé e amor por Jesus: fé no seu ser um só com o Pai e abertura à unidade com Ele são essenciais. Portanto, esta unidade não é algo somente interior, místico. Deve tornar-se visível; tão visível que constitua para o mundo a prova do envio de Jesus pelo Pai. Por isso, tal súplica tem escondido um sentido eucarístico que Paulo pôs claramente em evidência na Primeira Carta aos Coríntios: «Não é o pão que nós partimos uma comunhão com o Corpo de Cristo? Uma vez que existe um só pão, nós, que somos muitos, formamos um só corpo, visto participarmos todos desse único pão» (1 Cor 10, 16-17). Com a Eucaristia, nasce a Igreja. Todos nós comemos o mesmo pão, recebemos o mesmo corpo do Senhor, e isto significa: Ele abre cada um de nós para além de si mesmo. Torna-nos todos um só. A Eucaristia é o mistério da proximidade e comunhão íntima de cada indivíduo com o Senhor. E, ao mesmo tempo, é a união visível entre todos. A Eucaristia é sacramento da unidade. Ela chega até ao mistério trinitário, e assim cria, ao mesmo tempo, a unidade visível. Digamo-lo uma vez mais: a Eucaristia é o encontro pessoalíssimo com o Senhor, e no entanto não é jamais apenas um ato de devoção individual; celebramo-la necessariamente juntos. Em cada comunidade, o Senhor está presente de modo total; mas Ele é um só em todas as comunidades. Por isso, fazem necessariamente parte da Oração Eucarística da Igreja as palavras: «una cum Papa nostro et cum Episcopo nostro». Isto não é um mero acréscimo exterior àquilo que acontece interiormente, mas expressão necessária da própria realidade eucarística. E mencionamos o Papa e o Bispo pelo nome: a unidade é totalmente concreta, tem nome. Assim, a unidade torna-se visível, torna-se sinal para o mundo, e estabelece para nós mesmos um critério concreto.

São Lucas conservou-nos um elemento concreto da oração de Jesus pela unidade: «Simão, Simão, Satanás reclamou o poder de vos joeirar como ao trigo. Mas Eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça. E tu, uma vez convertido, confirma os teus irmãos» (Lc 22, 31-32). Com pesar, constatamos novamente, hoje, que foi permitido a Satanás joeirar os discípulos visivelmente diante de todo o mundo. E sabemos que Jesus reza pela fé de Pedro e dos seus sucessores. Sabemos que Pedro, que através das águas agitadas da história vai ao encontro do Senhor e corre perigo de afundar, é sempre novamente sustentado pela mão do Senhor e guiado sobre as águas. Mas vem depois um anúncio e uma missão. «Tu, uma vez convertido...». Todos os seres humanos, à exceção de Maria, têm continuamente necessidade de conversão. Jesus prediz a Pedro a sua queda e a sua conversão. De que é que Pedro teve de converter-se? No início do seu chamamento, assombrado com o poder divino do Senhor e com a sua própria miséria, Pedro dissera: «Senhor, afasta-Te de mim, que eu sou um homem pecador» (Lc 5, 8). Na luz do Senhor, reconhece a sua insuficiência. Precisamente deste modo, com a humildade de quem sabe que é pecador, é que Pedro é chamado. Ele deve reencontrar sem cessar esta humildade. Perto de Cesareia de Filipe, Pedro não quisera aceitar que Jesus tivesse de sofrer e ser crucificado: não era conciliável com a sua imagem de Deus e do Messias. No Cenáculo, não quis aceitar que Jesus lhe lavasse os pés: não se adequava à sua imagem da dignidade do Mestre. No horto das oliveiras, feriu com a espada; queria demonstrar a sua coragem. Mas, diante de uma serva, afirmou que não conhecia Jesus. Naquele momento, isto parecia-lhe uma pequena mentira, para poder permanecer perto de Jesus. O seu heroísmo ruiu num jogo mesquinho por um lugar no centro dos acontecimentos. Todos nós devemos aprender sempre de novo a aceitar Deus e Jesus Cristo como Ele é, e não como queríamos que fosse. A nós também nos custa aceitar que Ele esteja à mercê dos limites da sua Igreja e dos seus ministros. Também não queremos aceitar que Ele esteja sem poder neste mundo. Também nos escondemos por detrás de pretextos, quando a pertença a Ele se nos torna demasiado custosa e perigosa. Todos nós temos necessidade da conversão que acolhe Jesus no seu ser Deus e ser-Homem. Temos necessidade da humildade do discípulo que segue a vontade do Mestre. Nesta hora, queremos pedir-Lhe que nos fixe como fixou Pedro, no momento oportuno, com os seus olhos benévolos, e nos converta.

Pedro, o convertido, é chamado a confirmar os seus irmãos. Não é um fato extrínseco que lhe seja confiado este dever no Cenáculo. O serviço da unidade tem o seu lugar visível na celebração da sagrada Eucaristia. Queridos amigos, é um grande conforto para o Papa saber que, em cada Celebração Eucarística, todos rezam por ele; que a nossa oração se une à oração do Senhor por Pedro. É somente graças à oração do Senhor e da Igreja que o Papa pode corresponder ao seu dever de confirmar os irmãos: apascentar o rebanho de Cristo e fazer-se garante daquela unidade que se torna testemunho visível do envio de Jesus pelo Pai.

«Desejei ardentemente comer convosco esta Páscoa». Senhor, Vós tendes desejo de nós, de mim. Tendes desejo de nos fazer participantes de Vós mesmo na Sagrada Eucaristia, de Vos unir a nós. Senhor, suscitai também em nós o desejo de Vós. Reforçai-nos na unidade convosco e entre nós. Dai à vossa Igreja a unidade, para que o mundo creia. Amém.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

PÁSCOA CRISTÃ

Páscoa Cristã
Páscoa
Todos os cristãos sabem que Páscoa é o aniversário da ressurreição de Jesus. Muitos ignoram que Páscoa foi uma festa, uma grande festa, muito antes de Jesus no mundo.
O Evangelho, entretanto, nos convida a nela refletir. Ele não nos diz somente que cada ano Jesus ia a Jerusalém para a festa da Páscoa; ele não fala somente que a paixão, a morte e a ressurreição de Jesus tinham lugar durante as festas da Páscoa; ele nos mostra o Cristo ensinando seus discípulos que "sua hora", era aquela da Páscoa: "Desejei ardentemente comer esta Páscoa convosco". A Páscoa cristã saiu da Páscoa judaica como de uma velha árvore um ramo cheio de seiva.
A Igreja aí não se engana. Durante a Semana Santa e especialmente na 6a Feira e Sábado Santo, ela multiplica suas alusões à antiga Páscoa. Se queremos com ela celebrar a Páscoa Cristã, precisamos olhar a Páscoa judaica e retomar, para ultrapassar, a emoção e a alegria dos judeus de quando eles iam cada ano a Jerusalém para festejar a Páscoa.
1. A PÁSCOA JUDAICA
Era a maior festa do ano. Para celebrá-la todo judeu, a partir dos 12 anos, subia à Jerusalém. Era na cidade santa que se comia o cordeiro pascal. Mas por que estas cerimônias? Por que esta festa?
a) Uma intervenção de Deus
Naquele tempo, quer dizer, doze ou catorze séculos antes de Jesus Cristo, os judeus eram escravos no Egito, sujeitos a duros trabalhos. O rei do Egito, o Faraó, havia ordenado fossem mortas todas as crianças do sexo masculino. Ele queria exterminar a raça. Fatos recentes nos permitem compreender a grosseria da luta e o drama horrível das famílias.
Deus intervém para salvar este povo, e não somente para salvar, mas para lhe dar uma missão. Porque este povo devia preparar no mundo a vinda do Messias.
A libertação se faz em três tempos: (Ex 12,1-14; 21-28)
1- Uma preparação misteriosa. Sob a ordem de Deus em cada família, matava-se um cordeiro e comia-se um cordeiro e comia-se às presas depois de ter colocado seu sangue nos batentes das portas.
2- Uma situação desesperadora. Logo após esta ceia o povo colocar-se-ia sob a condução de Moisés. Mas Faraó e seus exércitos alcançaram os judeus no momento em que eles chegaram no Mar Vermelho. Encurralados no mar, sem armas, eles vão ser aniquilados. Os sobreviventes deveriam se sujeitar a uma escravatura pior ainda que aquela que já conheciam.
3- Um milagre se processa. É então que Moisés, sob a ordem de Deus, estende a mão em direção ao mar, e as águas se abrem para dar passagem aos hebreus. Assim que eles terminaram de passar e que Faraó quer tomar o mesmo caminho, o mar volta ao seu percurso matando os egípcios e todo seu exército. A alegria brilha. Um cântico de ação de graças ecoou. O povo está são e salvo, é livre. Vai assim caminhar para a Terra Prometida.
b) Uma Festa anual
A passagem do Mar Vermelho é a maior data histórica nacional dos judeus e uma das maiores da história religiosa do mundo.
Este dia, graças à intervenção de Deus, os Judeus passaram (Páscoa quer dizer passagem) da escravidão à liberdade, do exílio à pátria, da terra dos ídolos àquela do verdadeiro Deus, do país de escravidão à terra prometida. Ontem eles esperavam a morte, hoje a vida lhes é dada. Um tal acontecimento não poderia ficar na sombra.
Cada ano, na data do aniversário da passagem do Mar Vermelho, os judeus se dirigiam à Jerusalém para ir celebrar uma festa: a Páscoa. Como outrora seus pais, antes de deixar o Egito, eles refaziam a misteriosa preparação, comiam um cordeiro, o cordeiro pascal; depois durante a ceia, cantavam como seus pais outrora, depois da passagem do Mar Vermelho, salmos de louvor a Deus que libertou seu povo.
2. A PÁSCOA DE CRISTO
Cada ano, Jesus celebrava a festa da Páscoa e comia o cordeiro pascal. Mas ele sabia o que significava este alimento misterioso. Era Ele, o verdadeiro Cordeiro de Deus cujo sangue derramado sobre o madeiro da Cruz nos abriria caminho do céu. Uma Páscoa, uma outra passagem o esperava. Leiamos um trecho do evangelho de São Lucas, que nos coloca dentro desta realidade (Lucas 22,7-20).
É o início da Páscoa de Cristo...
a) Uma preparação misteriosa. Na Quinta Feira Santa, com seus discípulos, ele toma a ceia pascal, primeira vez celebra a eucaristia. Ceia misteriosa também.
b) Uma situação desesperadora. Na Sexta Feira Santa, depois de uma agonia, dois processos, a flagelação, o coroamento de espinhos e a pregação na cruz, ele morre. Todas as esperanças desaparecem. Tudo parece perdido.
c) Um milagre sem precedente. Mas na manhã da Páscoa, Jesus ressuscitou. Ele só passou pela morte para entrar na vida. Passou agora da morte à vida, da vida do tempo àquela da eternidade, da escravidão para a liberdade, do sofrimento para a alegria, da terra dos ídolos àquela de seu Pai, do exílio à Pátria. Esta passagem, esta Páscoa de Cristo, é a verdadeira Páscoa. A Páscoa antiga não é senão figura da nova Páscoa.
3. A PÁSCOA DOS CRISTÃOS
a) O Batismo: É o batismo que nos associa à Páscoa do Cristo e traz até nós seus benefícios. O batismo nos faz passar, nós também, da terra dos ídolos àquela do verdadeiro Deus, do exílio à Pátria, do Império de Satã ao reino de Deus, da vida da terra àquela do Espírito, da escravidão do pecado para a liberdade dos filhos de Deus. Ele nos introduz na Igreja, de que a terra prometida era uma figura. Ele nos faz passar da morte do pecado à vida da graça. Como a primeira Páscoa, ele se opera na água. Como a Páscoa do Cristo ele nos dá a vida eterna.
b) Uma Festa anual: A festa da Páscoa é a grande celebração anual da Páscoa de Cristo e do Batismo. Toda a nossa liturgia nos convida a seguir, passo a passo, os gestos de Cristo durante os últimos dias de sua vida mortal e durante as primeiras horas de sua ressurreição. E quando chega o momento mais solene desta semana, no ofício do Sábado Santo, o Batismo se torna a grande preocupação da Igreja. Pelo Batismo nós reproduzimos a morte e a ressurreição de Jesus. Páscoa é um aniversário. Muito mais que um aniversário. Da mesma forma que os judeus, celebrando a sua Páscoa, davam graças a Deus por sua libertação, assim também durante os dias da grande Semana da Páscoa, nós louvamos a Deus que nos resgatou e que faz de todos nós o seu povo. E desde já, sabendo que a paixão, morte e ressurreição de Cristo nos merecem o céu, nós aspiramos por esta última Páscoa, que, um dia fará todos os batizados entrarem no canto de ação de graças na verdadeira e definitiva Terra Prometida.
Os dias da Semana Pascal formam um todo. Páscoa não é um dia. Páscoa é uma passagem. A passagem da vida, restrita no tempo, à vida, marcada pela eternidade. A celebração desta passagem, na liturgia da Páscoa, começa no Domingo de Ramos e caminha até a aurora da ressurreição. Não se deve separar o que Deus uniu. Não se deve olhar a cruz sem antever a ressurreição. Não se pode contemplar o Cristo Ressuscitado sem ver o seu corpo glorioso marcado pelas cicatrizes da Paixão. São os sinais da sua passagem pela morte. São as provas irrecusáveis de que ele nos mereceu a graça de passar da terra dos homens àquela de Deus.
Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa, CS

QUINTA FEIRA SANTA

(21 de abril de 2011 – cor litúrgica: branco)

SITUANDO A CELEBRAÇÃO



Na Páscoa da ceia o Senhor nos convida a celebrar com Ele a páscoa, memorial da libertação. A Eucaristia é o “memorial” da morte-ressurreição do Senhor. É a complementação da festa da Páscoa judaica que fazia memória da libertação da escravidão do Egito, como nos lembra a primeira leitura desta celebração. Ceiamos com Ele e lembramos os gestos de amor de Deus quando tirou nossos pais da terra do Egito. Deixemos que ele nos lave os pés e recebamos dele o mandamento do amor, tornando-nos assim testemunhas de tudo o que Ele nos entregou e deixou.

Celebramos a Páscoa de Jesus Cristo que se manifesta na Ceia da Aliança que o Senhor instituiu em sua memória. A cruz de nosso Senhor Jesus Cristo deve ser a nossa glória: nele está nossa vida e ressurreição; foi ele que nos salvou e libertou (cf. Gl 6,14).

Nesta celebração, é importante que haja a participação dos catequistas, pais e catequizandos que estão sendo preparados para a Primeira Eucaristia. Na semana após a Páscoa, é oportuno haver uma catequese sobre o significado dos ritos realizados nesta celebração.

Seja preparado o ambiente para a vigília junto ao Santíssimo Sacramento. Após a meia noite esta vigília não deve ser feita com solenidade. Pode-se usar os subsídios que estão no Manual da Campanha da Fraternidade.

Espaço litúrgico: o local da celebração deve ser realmente o de uma refeição festiva. Onde for possível, dispor os bancos ou cadeiras em semicírculo ao redor da mesa do altar. O ambiente seja preparado com flores, velas, pão ázimo e vinho.

Menorah: pode-se utilizar o costume judaico de começar a páscoa acendendo as luzes da festa, utilizando-se da menorah, candelabro de sete velas; cada vela é acesa em memória de um grupo ao qual a comunidade deseja unir-se especialmente por ocasião da festa.



Mesa da Ceia: no início sem toalhas; no momento oportuno seja forrada com toalha branca, caindo apenas dos lados.

Frase celebrativa: ajuda a interiorizar a mensagem central ou o apelo mais forte da celebração. Pode ser formulada assim:

O MEMORIAL DO SENHOR

Ambientação: enquanto as pessoas vão chegando, o responsável pelos cantos ensaia as músicas, sobretudo a parte da assembléia, e o faz de tal maneira que já vai criando um clima de oração. Pouco antes da celebração, entoe-se um refrão meditativo (v. Cantar a Liturgia). O refrão termina bem baixinho, o silêncio se prolonga e só então o animador da celebração faz a monição inicial e se a nuncia o canto de abertura.

RITOS INICIAIS



Desde o início deve ficar evidente que nos reunimos para uma Ceia festiva, sendo este o sentido próprio desta celebração. Dentre os ritos iniciais, pode-se destacar o que segue:

Procissão de entrada: além da Equipe de Celebração, é especialmente significativo que tomem parte nesta procissão os ministros extraordinários da comunhão, os catequizandos da Primeira Eucaristia, os seus pais e catequistas e, finalmente, as pessoas que farão parte do rito do lava-pés.

Acendimento das luzes da festa: antes do canto solene do Hino de Louvor, pode-se fazer a memória do que foi (e é) luz para a comunidade, acendendo-se as luzes da festa, com a utilização de velas colocadas numa menorah ou outro tipo de candelabro.

Motivação: queridos irmãos e irmãs, como comunidade dos seguidores de Jesus Cristo, queremos estar em comunhão com todas as pessoas, grupos, movimentos e organizações que se tornam instrumentos de Deus para revelar o seu amor e a sua salvação.

Início do rito: começa, então, o acendimento das luzes (velas); algumas pessoas dirigem-se ao candelabro, com uma vela acesa na mão; cada pessoa, ao colocar a vela acesa no candelabro, proclama uma memória, bendizendo a Deus, como segue:

1. Bendito sejas, Deus da vida, por esta luz e pela luz que tu acendes em todos os que lutam pela paz e pela justiça.

2. Bendito sejas, Deus da vida, por esta luz e pela luz que tu fazes resplandecer em todas as Igrejas que proclamam que Jesus é o Senhor.

3. Bendito sejas, Deus da vida, por esta luz e pelo clarão que arde em todas as religiões e em todos os que buscam o teu rosto.

4. Bendito sejas, Deus da vida, por esta luz e pela luz que brilha na luta e esperança de todos os pobres da terra.

5. Bendito sejas, Deus da vida, por esta luz e pela luz que tu fizeste brilhar entre nós na Campanha da Fraternidade deste ano.

6. Bendito sejas, Deus da vida, por esta luz e por toda luz que ilumina a nossa comunidade.

7. Bendito sejas, Deus da vida, por esta luz e pela luz que tu fazes resplandecer em todos os amigos e amigas da nossa comunidade.

Obs.: convém explicitar o mais possível os fatos concretos vivenciados na comunidade, louvando a Deus pelas luzes que a todos iluminaram; segundo a realidade de cada comunidade, pode-se manter ou não o número de sete memórias e louvores.

Hino de louvor: é o canto que inaugura o Tríduo Pascal. Assim sendo, convém solenizar o mais possível este momento, com o toque dos sinos, as palmas, os instrumentos musicais e, se possível, uma dança litúrgica que envolva toda a assembléia.

Motivação: ao Deus que nos torna hoje seus convivas no banquete da Páscoa, nosso canto e nosso louvor. Com muita alegria, com o coração em festa, tocando sinos e batendo palmas, cantemos Glória a Deus nas alturas!

LITURGIA DA PALAVRA



A primeira mesa que é servida é a da Palavra. Dela nos alimentamos por primeiro para, então, aproximarmo-nos da Santa Eucaristia.

LEITURAS

1ª leitura: Ex 12, 1-8.11-14 = Ritual da ceia pascal

Salmo Responsorial: Sl 115 = O cálice por nós abençoado é a nossa comunhão com o sangue do Senhor

2ª leitura: 1Cor 11, 23-26 = Todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, proclamais a morte do Senhor.

Evangelho: Jo 13, 1-15 = Amou-os até o fim!

Comentário geral: a Páscoa dos judeus é como que a semente de origem da Páscoa cristã. Jesus se reúne com os discípulos e se despede deles com a celebração da Ceia, durante a qual lhes lava os pés, gesto de amor e serviço. As leituras bíblicas que ouviremos agora vão nos esclarecer o verdadeiro significado da nossa celebração. Ouçamos, pois, com muita atenção, a Palavra de Deus nas leituras que serão proclamadas.

Uma “dica” oportuna: ao final das leituras e do Evangelho, nunca devemos dizer “Palavras do Senhor” ou “Palavras da Salvação”, no plural. O correto é dizer no singular mesmo: Palavra do Senhor ou Palavra da Salvação, uma vez que é Jesus, a Palavra do Pai, quem fala, quando lemos (ou proclamamos) as Escrituras. Nem é preciso lembrar que Jesus é um só!

Rito do lava-pés: depois da homilia (ou partilha da Palavra), quem preside a celebração cinge-se com uma toalha e, com a ajuda de alguns acólitos ou ministros, lava os pés de algumas pessoas da comunidade, para lembrar o que fez Jesus na última Ceia, num ato de amor e serviço. Para este rito, uma possibilidade é convidar pessoas que exercem os serviços comunitários e pessoas que atuam na segurança pública. Outras formas podem ser adotadas, segundo a situação local. O importante é que o grupo escolhido para ter os pés lavados seja significativo para a comunidade e ajude a visualizar o serviço como conduta própria do seguidor de Jesus.

LITURGIA SACRAMENTAL



Aproximamo-nos da Eucaristia como quem se aproxima de alguém que transformou sua vida em amor. Renovamos nosso desejo de seguir este caminho repetindo o seu gesto na liturgia, entrando nesta páscoa confiando que Deus mesmo vem em socorro das nossas impossibilidades e nos dá a graça de fazer do amor a meta da nossa vida.



Procissão das Ofertas: nos sinais do pão e do vinho, acompanhados da Oração Eucarística, é a vida de Jesus que é oferecida ao Pai, em benefício dos irmãos. Preparemos com maior zelo a mesa da Ceia; duas pessoas podem entrar em procissão com uma toalha branca para forrar o altar (sem cobrir a frente; a toalha deve cair apenas dos lados), deixando evidente o sentido de refeição; a seguir, faz-se a procissão com água, pão e vinho.

Apresentação dos Dons: a Instrução Geral sobre o Missal Romano (IGMR) no n. 74 ensina que “o canto da preparação das oferendas acompanha a procissão das oferendas e se prolonga pelo menos até que os dons tenham sido colocados sobre o altar”. Como temos o costume de fazer neste momento as nossas ofertas, o canto deve se prolongar até que todos tenham feito suas ofertas. Terminadas as ofertas, convém que o canto cesse, de fato, a fim de que a assembléia acompanhe as duas belas orações com as quais o sacerdote bendiz a Deus pelos dons: “Bendito sejais Senhor, Deus do universo, pelo pão que recebemos da vossa bondade, fruto da terra e do trabalho humano, que agora vos apresentamos, e para nós se vai tornar pão da vida” (a mesma oração é proclamada para a apresentação do vinho). Certamente será necessário advertir a assembléia para responder, após cada uma das duas orações: “Bendito seja Deus para sempre”. As orações com as respostas da assembléia podem ser cantadas, valorizando ainda mais o rito; em Cantar a Liturgia apresentamos uma proposta da versão cantada.

Convite à comunhão eucarística: Demos graças ao Senhor repartindo entre nós este pão consagrado, memória viva do Corpo do Senhor, que se faz presente em nossa mesa, como se fez na última ceia junto com os discípulos, antes da sua páscoa. Que Ele transforme o nosso coração para fazermos da nossa vida uma oferenda de amor, para o louvor do Pai.

Obs.: é muito recomendável a comunhão sob as duas sagradas espécies para que, no sinal sacramental, a comunidade viva melhor o mistério que se celebra nesta noite. Mesmo que demore um pouco mais, vale a pena realizar este gesto. Talvez seja necessário que o animador (ou outra pessoa), tendo combinado antes com o presidente da celebração, oriente a forma adequada de se receber a comunhão sob as duas espécies.

Convite à partilha dos alimentos (quando não há comunhão eucarística): Demos graças ao Senhor repartindo entre nós estes alimentos em memória de Jesus, que se faz presente em nossa mesa, como se fez na última ceia junto com os discípulos, antes da sua páscoa. Que Ele transforme o nosso coração para fazermos da nossa vida uma oferenda de amor, para o louvor do Pai.



RITOS FINAIS



Nesta celebração, não há ritos finais. Em seu lugar, procede-se à transladação do Santíssimo Sacramento para a capela do Santíssimo ou outro lugar devidamente preparado, fora do espaço celebrativo.

Transladação da Eucaristia: seja feita com piedade, em clima de oração, a transladação da Eucaristia para uma capela menor, devidamente preparada para isto. A comunidade fará vigília de oração e adoração por algumas horas; em sua forma solene, a vigília é concluída antes da meia-noite. É bom lembrar que a vigília mais importante é a do Sábado Santo, para a qual devem convergir todas as atenções. Após alguns momentos de adoração silenciosa, o sacerdote e os ministros fazem a genuflexão e retornam à sacristia. Lembramos que o Santíssimo Sacramento não é exposto no ostensório. O cibório é colocado dentro do tabernáculo que, após a incensação, permanecerá fechado.

Obs.: no momento oportuno, após a dissolvência da assembléia, com discrição, retiram-se as toalhas do altar e, se possível, as cruzes da Igreja. Se não for possível retirá-las, deve-se, ao menos, cobri-las, para que na celebração da sexta-feira só apareça uma única cruz.

CANTAR A LITURGIA

segunda-feira, 18 de abril de 2011

PÁSCOA

Páscoa Cristã
Páscoa
Todos os cristãos sabem que Páscoa é o aniversário da ressurreição de Jesus. Muitos ignoram que Páscoa foi uma festa, uma grande festa, muito antes de Jesus no mundo.
O Evangelho, entretanto, nos convida a nela refletir. Ele não nos diz somente que cada ano Jesus ia a Jerusalém para a festa da Páscoa; ele não fala somente que a paixão, a morte e a ressurreição de Jesus tinham lugar durante as festas da Páscoa; ele nos mostra o Cristo ensinando seus discípulos que "sua hora", era aquela da Páscoa: "Desejei ardentemente comer esta Páscoa convosco". A Páscoa cristã saiu da Páscoa judaica como de uma velha árvore um ramo cheio de seiva.
A Igreja aí não se engana. Durante a Semana Santa e especialmente na 6a Feira e Sábado Santo, ela multiplica suas alusões à antiga Páscoa. Se queremos com ela celebrar a Páscoa Cristã, precisamos olhar a Páscoa judaica e retomar, para ultrapassar, a emoção e a alegria dos judeus de quando eles iam cada ano a Jerusalém para festejar a Páscoa.
1. A PÁSCOA JUDAICA
Era a maior festa do ano. Para celebrá-la todo judeu, a partir dos 12 anos, subia à Jerusalém. Era na cidade santa que se comia o cordeiro pascal. Mas por que estas cerimônias? Por que esta festa?
a) Uma intervenção de Deus
Naquele tempo, quer dizer, doze ou catorze séculos antes de Jesus Cristo, os judeus eram escravos no Egito, sujeitos a duros trabalhos. O rei do Egito, o Faraó, havia ordenado fossem mortas todas as crianças do sexo masculino. Ele queria exterminar a raça. Fatos recentes nos permitem compreender a grosseria da luta e o drama horrível das famílias.
Deus intervém para salvar este povo, e não somente para salvar, mas para lhe dar uma missão. Porque este povo devia preparar no mundo a vinda do Messias.
A libertação se faz em três tempos: (Ex 12,1-14; 21-28)
1- Uma preparação misteriosa. Sob a ordem de Deus em cada família, matava-se um cordeiro e comia-se um cordeiro e comia-se às presas depois de ter colocado seu sangue nos batentes das portas.
2- Uma situação desesperadora. Logo após esta ceia o povo colocar-se-ia sob a condução de Moisés. Mas Faraó e seus exércitos alcançaram os judeus no momento em que eles chegaram no Mar Vermelho. Encurralados no mar, sem armas, eles vão ser aniquilados. Os sobreviventes deveriam se sujeitar a uma escravatura pior ainda que aquela que já conheciam.
3- Um milagre se processa. É então que Moisés, sob a ordem de Deus, estende a mão em direção ao mar, e as águas se abrem para dar passagem aos hebreus. Assim que eles terminaram de passar e que Faraó quer tomar o mesmo caminho, o mar volta ao seu percurso matando os egípcios e todo seu exército. A alegria brilha. Um cântico de ação de graças ecoou. O povo está são e salvo, é livre. Vai assim caminhar para a Terra Prometida.
b) Uma Festa anual
A passagem do Mar Vermelho é a maior data histórica nacional dos judeus e uma das maiores da história religiosa do mundo.
Este dia, graças à intervenção de Deus, os Judeus passaram (Páscoa quer dizer passagem) da escravidão à liberdade, do exílio à pátria, da terra dos ídolos àquela do verdadeiro Deus, do país de escravidão à terra prometida. Ontem eles esperavam a morte, hoje a vida lhes é dada. Um tal acontecimento não poderia ficar na sombra.
Cada ano, na data do aniversário da passagem do Mar Vermelho, os judeus se dirigiam à Jerusalém para ir celebrar uma festa: a Páscoa. Como outrora seus pais, antes de deixar o Egito, eles refaziam a misteriosa preparação, comiam um cordeiro, o cordeiro pascal; depois durante a ceia, cantavam como seus pais outrora, depois da passagem do Mar Vermelho, salmos de louvor a Deus que libertou seu povo.
2. A PÁSCOA DE CRISTO
Cada ano, Jesus celebrava a festa da Páscoa e comia o cordeiro pascal. Mas ele sabia o que significava este alimento misterioso. Era Ele, o verdadeiro Cordeiro de Deus cujo sangue derramado sobre o madeiro da Cruz nos abriria caminho do céu. Uma Páscoa, uma outra passagem o esperava. Leiamos um trecho do evangelho de São Lucas, que nos coloca dentro desta realidade (Lucas 22,7-20).
É o início da Páscoa de Cristo...
a) Uma preparação misteriosa. Na Quinta Feira Santa, com seus discípulos, ele toma a ceia pascal, primeira vez celebra a eucaristia. Ceia misteriosa também.
b) Uma situação desesperadora. Na Sexta Feira Santa, depois de uma agonia, dois processos, a flagelação, o coroamento de espinhos e a pregação na cruz, ele morre. Todas as esperanças desaparecem. Tudo parece perdido.
c) Um milagre sem precedente. Mas na manhã da Páscoa, Jesus ressuscitou. Ele só passou pela morte para entrar na vida. Passou agora da morte à vida, da vida do tempo aquela da eternidade, da escravidão para a liberdade, do sofrimento para a alegria, da terra dos ídolos àquela de seu Pai, do exílio à Pátria. Esta passagem, esta Páscoa de Cristo, é a verdadeira Páscoa. A Páscoa antiga não é senão figura da nova Páscoa.
3. A PÁSCOA DOS CRISTÃOS
a) O Batismo: É o batismo que nos associa à Páscoa do Cristo e traz até nós seus benefícios. O batismo nos faz passar, nós também, da terra dos ídolos àquela do verdadeiro Deus, do exílio à Pátria, do Império de Satã ao reino de Deus, da vida da terra àquela do Espírito, da escravidão do pecado para a liberdade dos filhos de Deus. Ele nos introduz na Igreja, de que a terra prometida era uma figura. Ele nos faz passar da morte do pecado à vida da graça. Como a primeira Páscoa, ele se opera na água. Como a Páscoa do Cristo ele nos dá a vida eterna.
b) Uma Festa anual: A festa da Páscoa é a grande celebração anual da Páscoa de Cristo e do Batismo. Toda a nossa liturgia nos convida a seguir, passo a passo, os gestos de Cristo durante os últimos dias de sua vida mortal e durante as primeiras horas de sua ressurreição. E quando chega o momento mais solene desta semana, no ofício do Sábado Santo, o Batismo se torna a grande preocupação da Igreja. Pelo Batismo nós reproduzimos a morte e a ressurreição de Jesus. Páscoa é um aniversário. Muito mais que um aniversário. Da mesma forma que os judeus, celebrando a sua Páscoa, davam graças a Deus por sua libertação, assim também durante os dias da grande Semana da Páscoa, nós louvamos a Deus que nos resgatou e que faz de todos nós o seu povo. E desde já, sabendo que a paixão, morte e ressurreição de Cristo nos merecem o céu, nós aspiramos por esta última Páscoa, que, um dia fará todos os batizados entrarem no canto de ação de graças na verdadeira e definitiva Terra Prometida.
Os dias da Semana Pascal formam um todo. Páscoa não é um dia. Páscoa é uma passagem. A passagem da vida, restrita no tempo, à vida, marcada pela eternidade. A celebração desta passagem, na liturgia da Páscoa, começa no Domingo de Ramos e caminha até a aurora da ressurreição. Não se deve separar o que Deus uniu. Não se deve olhar a cruz sem antever a ressurreição. Não se pode contemplar o Cristo Ressuscitado sem ver o seu corpo glorioso marcado pelas cicatrizes da Paixão. São os sinais da sua passagem pela morte. São as provas irrecusáveis de que ele nos mereceu a graça de passar da terra dos homens àquela de Deus.
Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa, CS

LECTIO DIVINA

REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA
(LECTIO DIVINA)

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm

SEMANA SANTA


Segunda-feira da Semana Santa


1) Oração

Concedei, ó Deus, ao vosso povo,
que desfalece por sua fraqueza,
recobrar novo alento
pela Paixão do vosso Filho.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho (João 12, 1-11)

1Seis dias antes da Páscoa, Jesus foi a Betânia, onde morava Lázaro, que ele tinha ressuscitado dos mortos. 2Lá, ofereceram-lhe um jantar. Marta servia, e Lázaro era um dos que estavam à mesa com ele. 3Maria, então, tomando meio litro de perfume de nardo puro e muito caro, ungiu os pés de Jesus e os enxugou com os cabelos. A casa inteira encheu-se do aroma do perfume. 4Judas Iscariotes, um dos discípulos, aquele que entregaria Jesus, falou assim: 5“Por que este perfume não foi vendido por trezentos denários para se dar aos pobres?” 6Falou assim, não porque se preocupasse com os pobres, mas, porque era ladrão: ele guardava a bolsa e roubava o que nela se depositava. 7Jesus, porém, disse: “Deixa-a! que ela o guarde em vista do meu sepultamento. 8Os pobres, sempre os tendes convosco. A mim, no entanto, nem sempre tereis”. 9Muitos judeus souberam que ele estava em Betânia e foram para lá, não só por causa dele, mas também porque queriam ver Lázaro, que Jesus tinha ressuscitado dos mortos. 10Os sumos sacerdotes, então, decidiram matar também Lázaro, 11pois por causa dele muitos se afastavam dos judeus e começaram a crer em Jesus.

3) Reflexão
* Estamos entrando na Semana Santa, a semana da páscoa de Jesus, da sua passagem deste mundo para o Pai (Jo 13,1). A liturgia de hoje coloca diante de nós o início do capítulo 12 do evangelho de João, que faz a ligação entre o Livro dos Sinais (cc 1-11) e o Livro da Glorificação (cc.13-21). No fim do "Livro dos Sinais", apareceram com clareza a tensão entre Jesus e as autoridades religiosas da época (Jo 10,19-21.39) e o perigo que Jesus corria. Várias vezes tentaram matá-lo (Jo 10,31; 11,8.53; 12,10). Tanto assim, que Jesus era obrigado a levar uma vida clandestina, pois podia ser preso a qualquer momento (Jo 10,40; 11,54).
* João 12,1-2: Jesus, perseguido pelos judeus, vai à Betânia. Seis dias antes da páscoa, Jesus vai à Betânia na casa das suas amigas Marta e Maria e de Lázaro. Betânia significa Casa da Pobreza. Ele estava sendo perseguido pela polícia (Jo 11,57). Queriam matá-lo (Jo 11,50). Mesmo sabendo que a polícia estava atrás de Jesus, Maria, Marta e Lázaro receberam Jesus em casa e ofereceram um jantar para ele. Acolher em casa uma pessoa perseguida e oferecer-lhe um jantar era perigoso. Mas o amor faz superar o medo
* João 12,3: Maria unge Jesus. Durante o jantar, Maria unge os pés de Jesus com meio litro de perfume de nardo puro (cf. Lc 7,36-50). Era um perfume cheiroso, caríssimo, de trezentos denários. Em seguida, ela enxuga os pés de Jesus com seus cabelos. A casa inteira ficou cheia do perfume. Em todo este episódio, Maria não fala. Só age. O gesto cheio de simbolismo fala por si mesmo. Lavando os pés, Maria se faz servidora. Jesus vai repetir o gesto na última ceia (Jo 13,5).
* João 12,4-6: Reação de Judas. Judas critica o gesto de Maria. Acha que é um desperdício. De fato, trezentos denários eram o salário de trezentos dias! O salário de quase um ano inteiro foi gasto de uma só vez! Judas acha que o dinheiro deveria ser dado aos pobres. O evangelista comenta que Judas não tinha nenhuma preocupação com os pobres, mas que era um ladrão. Tinha a bolsa comum e roubava dinheiro. Julgamento forte que condena Judas. Não condena a preocupação com os pobres, mas sim a hipocrisia que usa os pobres para se promover e se enriquecer. Nos seus interesses egoístas, Judas só pensava em dinheiro. Por isso não percebeu o que estava no coração de Maria. Jesus enxerga o coração e defende Maria.
* João 12,7-8: Jesus defende a mulher. Judas olha o gasto e critica a mulher. Jesus olha o gesto e defende a mulher: “Deixa-a! Ela o conservou para o dia da minha sepultura!" Em seguida, Jesus diz: "Pobres sempre tereis, mas a mim nem sempre tereis!" Quem dos dois vivia mais perto de Jesus: Judas ou Maria? Como discípulo,Judas convivia com Jesus há quase três anos, vinte e quatro horas por dia. Fazia parte do grupo. Maria só o encontrava uma ou duas vezes ao ano, por ocasião das festas, quando Jesus vinha a Jerusalém e visitava a casa dela. Só a convivência sem o amor não faz conhecer. Tolhe o olhar. Judas era cego. Muita gente convive com Jesus e até o louva com muito canto, mas não o conhece de verdade nem o revela (cf. Mt 7,21). Duas afirmações de Jesus merecem um comentário mais detalhado: (1) “Pobres sempre tereis”, e (2) “Ela guardou o perfume para me ungir no dia do meu sepultamento”.
* 1. “Pobres sempre tereis” Será que Jesus quis dizer que não devemos preocupar-nos com os pobres, visto que sempre vai haver gente pobre? Será que a pobreza é um destino imposto por Deus? Como entender esta frase? Naquele tempo, as pessoas conheciam o Antigo Testamento de memória. Bastava Jesus citar o começo de uma frase do AT, e as pessoas já sabiam o resto. O começo da frase dizia: “Vocês vão ter sempre os pobres com vocês!” (Dt 15,11a). O resto da frase que o povo já conhecia e que Jesus quis lembrar, era este: “Por isso, eu ordeno: abra a mão em favor do seu irmão, do seu pobre e do seu indigente, na terra onde você estiver!” (Dt 15,11b). Conforme esta Lei, a comunidade deve acolher os pobres e partilhar com eles seus próprios bens. Mas Judas, em vez de “abrir a mão em favor do pobre” e de partilhar com ele seus próprios bens, queria fazer caridade com o dinheiro dos outros! Queria vender o perfume de Maria por trezentos denários e usá-los para ajudar os pobres. Jesus cita a Lei de Deus que ensinava o contrário. Quem, como Judas, faz campanha com o dinheiro da venda dos bens dos outros, não incomoda. Mas aquele que, como Jesus, insiste na obrigação de acolher os pobres e de partilhar com eles os próprios bens, este incomoda e corre o perigo de ser condenado.
* 2. "Ela guardou esse perfume para me ungir no dia do meu sepultamento" A morte na cruz era o castigo terrível e exemplar, adotado pelos romanos para castigar os subversivos que se opunham ao império. Uma pessoa condenada à morte de cruz não recebia sepultura e não podia ser ungida, pois ficava pendurada na cruz até que os animais comessem o cadáver, ou recebia sepultura rasa de indigente. Além disso, conforme a Lei do Antigo Testamento, ela devia ser considerada como "maldita por Deus" (Dt 21, 22-23). Jesus ia ser condenado à morte de cruz, conseqüência do seu compromisso com os pobres e da sua fidelidade ao Projeto do Pai. Não ia ter enterro. Por isso, depois de morto, não poderia ser ungido. Sabendo disso, Maria se antecipa e o unge antes de ser crucificado. Com este gesto, ela mostra que aceitava Jesus como Messias, mesmo crucificado! Jesus entende o gesto dela e o aprova.
* João 12,9-11: A multidão e as autoridades. Ser amigo de Jesus pode ser perigoso. Lázaro corre perigo de morte por causa da vida nova que recebeu de Jesus. Os judeus decidiram matá-lo. Um Lázaro vivo era prova viva de que Jesus era o Messias. Por isso, a multidão o procurava, pois o povo queria experimentar de perto a prova viva do poder de Jesus. Uma comunidade viva corre perigo de vida porque é prova viva da Boa Nova de Deus!

4) Para um confronto pessoal
1) Maria foi mal interpretada por Judas. Você já foi mal interpretada alguma vez? Como você reagiu?
2) O que nos ensina o gesto de Maria? Que alerta nos traz a reação de Judas?

5) Oração final

O SENHOR é minha luz e minha salvação;
de quem terei medo?
O SENHOR é quem defende a minha vida;
a quem temerei?
Ele me dá abrigo na sua tenda no dia da desgraça.
Esconde-me em sua morada,
sobre o rochedo me eleva. (Sl 26, 1.5)



Terça-feira da Semana Santa


1) Oração

Deus eterno e todo-poderoso,
dai-nos celebrar de tal modo
os mistérios da paixão do Senhor,
que possamos alcançar vosso perdão.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho (João 13, 21-33.36-38)

21Depois de dizer isso, Jesus ficou interiormente perturbado e testemunhou: “Em verdade, em verdade, vos digo: um de vós me entregará”. 22Desconcertados, os discípulos olhavam uns para os outros, pois não sabiam de quem estava falando. 23Bem ao lado de Jesus estava reclinado um dos seus discípulos, aquele que Jesus mais amava. 24Simão Pedro acenou para que perguntasse de quem ele estava falando. 25O discípulo, então, recostando- se sobre o peito de Jesus, perguntou: “Senhor, quem é?” 26Jesus respondeu: “É aquele a quem eu der um bocado passado no molho”. Então, Jesus molhou um bocado e deu a Judas, filho de Simão Iscariotes. 27Depois do bocado, Satanás entrou em Judas. Jesus, então, lhe disse: “O que tens a fazer, faze logo”. 28Mas nenhum dos presentes entendeu por que ele falou isso. 29Como Judas guardava a bolsa, alguns pensavam que Jesus estava dizendo: “Compra o que precisamos para a festa”, ou que desse alguma coisa para os pobres. 30Então, depois de receber o bocado, Judas saiu imediatamente. Era noite. 31Depois que Judas saiu, Jesus disse: “Agora foi glorificado o Filho do Homem, e Deus foi glorificado nele. 32Se Deus foi glorificado nele, Deus também o glorificará em si mesmo, e o glorificará logo. 33Filhinhos, por pouco tempo eu ainda estou convosco. Vós me procurareis, e agora vos digo, como eu disse também aos judeus: ‘Para onde eu vou, vós não podeis ir’. 36Simão Pedro perguntou: “Senhor, para onde vais?” Jesus respondeu-lhe: “Para onde eu vou, não podes seguir-me agora; mais tarde me seguirás”. 37Pedro disse: “Senhor, por que não posso seguir-te agora? Eu darei minha vida por ti!” 38Jesus respondeu: “Darás tua vida por mim? Em verdade, em verdade, te digo: não cantará o galo antes que me tenhas negado três vezes. Palavra da salvação

3) Reflexão
* Estamos na terça feira da Semana Santa. Os textos do evangelho destes dias nos confrontam com os fatos terríveis que levaram à prisão e à condenação de Jesus. Os textos não trazem só as decisões das autoridades religiosas e civis contra Jesus, mas também relatam as traições e negações dos próprios discípulos que possibilitaram a prisão de Jesus pelas autoridades e contribuíram enormemente para aumentar o sofrimento de Jesus.
* João 13,21: O anúncio da traição. Depois de ter lavado os pés dos discípulos (Jo 13,2-11) e de ter falado da obrigação que temos de lavar os pés uns dos outros (Jo 13,12-16), Jesus se comoveu profundamente. E não era para menos. Enquanto ele estava fazendo aquele gesto de serviço e de total entrega de si mesmo, ao lado dele um discípulo estava tramando a maneira de como traí-lo naquela mesma noite. Jesus expressa a sua comoção e diz: “Em verdade lhes digo: um de vocês vai me trair!” Não diz: “Judas vai me trair”, mas “um de vocês”. É alguém do círculo da amizade dele que vai ser o traidor”.
* João 13,22-25: A reação dos discípulos. Os discípulos levam susto. Não esperavam por esta declaração tão séria de que um deles seria o traidor. Pedro faz um sinal a João para ele perguntar a Jesus qual dos doze iria cometer a traição. Sinal de que eles nem sequer desconfiavam quem pudesse ser o traidor. Ou seja, sinal de que a amizade entre eles ainda não tinha chegado à mesma transparência de Jesus para com eles (cf. Jo 15,15). João se inclinou para perto de Jesus e perguntou: “Quem é?”
* João 13,26-30: Jesus indica Judas. Jesus disse: é aquele a quem vou dar um pedaço de pão umedecido no molho. Ele pegou um pedaço de pão, molhou e deu a Judas. Era um gesto comum e normal que os participantes de uma ceia costumavam fazer entre si. E Jesus disse a Judas: “O que você tem que fazer, faça logo!” Judas tinha a bolsa comum. Era o encarregado de comprar as coisas e de dar esmolas para os pobres. Por isso, ninguém percebeu nada de especial no gesto e na palavra de Jesus. Nesta descrição do anúncio da traição está uma evocação do salmo em que o salmista se queixa do amigo que o traiu: “Até o meu amigo, em quem eu confiava e que comia do meu pão, é o primeiro a me trair” (Sl 41,10; cf. Sl 55,13-15). Judas percebeu que Jesus estava sabendo de tudo (Cf. Jo 13,18). Mesmo assim, não voltou atrás, e manteve a decisão de trair Jesus. É neste momento que se opera a separação entre Judas e Jesus. João diz que o satanás entrou nele. Judas levantou e saiu. Ele entrou para o lado do adversário (satanás). João comenta: “Era noite”. Era a escuridão.
* João 13,31-33: Começa a glorificação de Jesus. É como se a história tivesse esperado por este momento da separação entre a luz e as trevas. Satanás (o adversário) e as trevas entraram em Judas quando ele decidiu de executar o que estava tramando. Neste mesmo momento se fez luz em Jesus que declara: “Agora o Filho do Homem foi glorificado, e também Deus foi glorificado nele. Deus o glorificará em si mesmo e o glorificará logo!” O que vai acontecer daqui para frente é contagem regressiva. As grandes decisões foram tomadas, tanto da parte de Jesus (Jo 12,27-28) e agora também da parte de Judas. Os fatos se precipitam. E Jesus já dá o aviso: “Filhinhos, é só mais um pouco que vou ficar com vocês”. Falta pouco para que se realize a passagem, a Páscoa.
* João 13,34-35: O novo mandamento. O evangelho de hoje omite estes dois versículos sobre o novo mandamento do amor e passa a falar do anúncio da negação de Pedro.
* João 13,36-38: Anúncio da negação de Pedro. Junto com a traição de Judas, o evangelho traz também a negação de Pedro. São os dos dois fatos que mais contribuíram para o sofrimento de Jesus. Pedro diz que está disposto a dar a vida por Jesus. Jesus o chama à realidade: “Você dar a vida por mim? O galo não cantará sem que me renegues três vezes”. Marcos tinha escrito: “O galo não cantará duas vezes e você já me terá negado três vezes” (Mc 14,30). Todo mundo sabe que o canto do galo é rápido. Quando de manhã cedo o primeiro galo começa a cantar, quase ao mesmo tempo todos os galos estão cantando. Pedro é mais rápido na negação do que o galo no canto.

4) Para um confronto pessoal
1) Judas, amigo, torna-se traidor. Pedro, amigo, torna-se negador. E eu?
2) Colocando-me na situação de Jesus: como enfrenta negação e traição, o desprezo e a exclusão?

5) Oração final

És tu, Senhor, a minha esperança,
és minha confiança, SENHOR, desde a minha juventude.
Sobre ti me apoiei desde o seio materno,
desde o colo de minha mãe és minha proteção;
em ti está sempre o meu louvor. (Sl 70, 5-6)




Quarta-feira da Semana Santa


1) Oração

Ó Deus, que fizestes vosso Filho padecer o suplício da cruz,
para arrancar-nos à escravidão do pecado,
concedei aos vossos servos
a graça da ressurreição.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho (Mateus 26, 14-25)

14Um dos doze, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os sumos sacerdotes 15e disse: “Que me dareis se eu vos entregar Jesus?” Combinaram trinta moedas de prata. 16E daí em diante, ele procurava uma oportunidade para entregá-lo. 17No primeiro dia dos Pães sem fermento, os discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram: “Onde queres que façamos os preparativos para comeres a páscoa?” 18Jesus respondeu: “Ide à cidade, procurai certo homem e dizei-lhe: ‘O Mestre manda dizer: o meu tempo está próximo, vou celebrar a ceia pascal em tua casa, junto com meus discípulos’”. 19Os discípulos fizeram como Jesus mandou e prepararam a ceia pascal. 20Ao anoitecer, Jesus se pôs à mesa com os Doze. 21Enquanto comiam, ele disse: “Em verdade vos digo, um de vós me vai entregar”. 22Eles ficaram muito tristes e, um por um, começaram a perguntar-lhe: “Acaso sou eu, Senhor?” 23Ele respondeu: “Aquele que se serviu comigo do prato é que vai me entregar. 24O Filho do Homem se vai, conforme está escrito a seu respeito. Ai, porém, daquele por quem o Filho do Homem é entregue! Melhor seria que tal homem nunca tivesse nascido!” 25Então Judas, o traidor, perguntou: “Mestre, serei eu?” Jesus lhe respondeu: “Tu o dizes”. Palavra da salvação.

3) Reflexão
* Ontem o evangelho falou da traição de Judas e da negação de Pedro. Hoje, fala novamente da traição de Judas. Na descrição da paixão de Jesus do evangelhos de Mateus acentua-se fortemente o fracasso dos discípulos. Apesar da convivência de três anos, nenhum deles ficou para tomar a defesa de Jesus. Judas traiu, Pedro negou, todos fugiram. Mateus conta isto, não para criticar ou condenar, nem para provocar desânimo nos leitores, mas para ressaltar que o acolhimento e o amor de Jesus superam a derrota e o fracasso dos discípulos! Esta maneira de descrever a atitude de Jesus era uma ajuda para as Comunidades na época de Mateus. Por causa das freqüentes perseguições, muitos tinham desanimado e abandonado a comunidade e se perguntavam: "Será que é possível voltar? Será que Deus nos acolhe e perdoa?" Mateus responde sugerindo que nós podemos romper com Jesus, mas Jesus nunca rompe conosco. O seu amor é maior do que a nossa infidelidade. Esta é uma mensagem muito importante que colhemos do evangelho durante a Semana Santa.
* Mateus 26,14-16: A Decisão de Judas de trair Jesus. Judas tomou a decisão, depois que Jesus não aceitou a crítica dos discípulos a respeito da mulher que gastou um perfume caríssima só para ungir Jesus (Mt 26,6-13). Ele foi até os sacerdotes e perguntou: “Quanto vocês me pagam se eu o entregar?” Combinaram trinta moedas de prata. Mateus evoca as palavras do profeta Zacarias para descrever o preço combinado (Zc 11,12). Ao mesmo tempo, a traição de Jesus por trinta moedas evoca a venda de José pelos seus próprios irmãos, avaliado pelos compradores em vinte moedas (Gn 37,28). Evoca ainda o preço de trinta moedas a ser pago pelo ferimento a um escravo (Ex 21,32).
* Mateus 26,17-19: A Preparação da Páscoa. Jesus era da Galiléia. Não tinha casa em Jerusalém. Ele passava as noites no Horto das Oliveiras (cf. Jo 8,1). Nos dias da festa de páscoa a população de Jerusalém triplicava por causa da quantidade enorme de peregrinos que vinham de toda a parte. Não era fácil para Jesus encontrar uma sala ampla para poder celebrar a páscoa junto com os peregrinos que tinham vindo com ele desde a Galiléia. Ele manda os discípulos encontrar uma pessoa em cuja casa decidiu celebrar a Páscoa. O evangelho não oferece ulteriores informações e deixa que a imaginação complete o que falta nas informações. Era um conhecido de Jesus? Um parente? Um discípulo? Ao longo dos séculos, a imaginação dos apócrifos soube completar a falta de informação, mas com pouca credibilidade.
* Mateus 26,20-25: Anúncio da traição de Judas. Jesus sabe que vai ser traído. Apesar de Judas fazer as coisas em segredo, Jesus está sabendo. Mesmo assim, ele faz questão de se confraternizar com o círculo dos amigos, do qual Judas faz parte. Estando todos reunidos pela última vez, Jesus anuncia quem é o traidor. É "aquele que põe a mão no prato comigo". Esta maneira de anunciar a traição acentua o contraste. Para os judeus a comunhão de mesa, colocar juntos a mão no mesmo prato, era a expressão máxima da amizade, da intimidade e da confiança. Mateus sugere assim que, apesar da traição ser feita por alguém muito amigo, o amor de Jesus é maior que a traição!
* O que chama a atenção é a maneira de Mateus descrever estes fatos. Entre a traição e a negação ele colocou a instituição da Eucaristia (Mt 26,26-29): a traição de Judas, antes (Mt 25,20-25); a negação de Pedro e a fuga dos discípulos, depois (Mt 25,30-35). Deste modo, ele destaca para todos nós a inacreditável gratuidade do amor de Jesus, que supera a traição, a negação e a fuga dos amigos. O seu amor não depende do que os outros fazem por ele.

4) Para um confronto pessoal
1) Será que eu seria capaz de ser como Judas e de negar e trair a Deus, a Jesus, aos amigos e amigas?
2) Na semana santa é importante eu reservar algum momento para compenetrar-me da inacreditável gratuidade do amor de Deus por mim.

5) Oração final

Quero louvar com um cântico o nome de Deus
e exaltá-lo com ações de graças;
“Vede, humildes e alegrai-vos!
Vós que buscais a Deus, vosso coração reviva!
Pois o SENHOR atende os pobres,
não despreza os seus cativos. (Sl 68, 31.33-34)