quinta-feira, 1 de março de 2012

LECTIO DIVINA

Domingo, 04 de março de 2012

2º Domingo da Quaresma – Ano B



Assim já não sou eu quem vive, mas Cristo é quem vive em mim

Gl 20.20



TEXTO BÍBLICO: Marcos 9.2-10



9.2   Seis dias depois, Jesus foi para um monte alto, levando consigo somente Pedro, Tiago e João. Ali, eles viram a aparência de Jesus mudar.



9.3   A sua roupa ficou muito branca e brilhante, mais do que qualquer lavadeira seria capaz de deixar.



9.4   E os três discípulos viram Elias e Moisés conversando com Jesus.



9.5   Então Pedro disse a Jesus: — Mestre, como é bom estarmos aqui! Vamos armar três barracas: uma para o senhor, outra para Moisés e outra para Elias.



9.6   Pedro não sabia o que deveria dizer, pois ele e os outros dois discípulos estavam apavorados.



9.7   Logo depois, uma nuvem os cobriu, e dela veio uma voz, que disse: — Este é o meu Filho querido. Escutem o que ele diz!



9.8   Aí os discípulos olharam em volta e viram somente Jesus com eles.



9.9   Quando estavam descendo do monte, Jesus mandou que não contassem a ninguém o que tinham visto, até que o Filho do Homem ressuscitasse.



9.10   Eles obedeceram à ordem, mas discutiram entre si sobre o que queria dizer essa ressurreição.





1. LEITURA



Que diz o texto?



Perguntas para a leitura



  Quanto tempo transcorre desde o acontecimento anterior até à subida ao alto monte?

  Jesus sobe com quem?

  Quem aparece na cena?

  O que pode significar que Elias (grande profeta) e  Moisés (grande legislador) estejam

conversando com Jesus?

  O que Pedro quer fazer? O que lhe diz Jesus?

  Que sentimento invade os discípulos?

  O que nos diz Marcos a respeito das palavras de Pedro? São coerentes?

  O que diz a “voz” do meio da nuvem?

  A quem é preciso obedecer e escutar?

  Os discípulos descobrem a “origem” da voz?

  O que Jesus ordena aos discípulos quando descem do monte?

  Até quando deverão manter segredo em torno do que viram e ouviram?

  Pedro, Tiago e João realmente entenderam o que significa “ressuscitar”?



Dicas para leitura



 Queridos servidores da Palavra,

 

O segundo Domingo da Quaresma, todos os anos, faz-nos refletir sobre o mistério da

“transfiguração” de Jesus. Tal como no Batismo do Senhor, que partilhamos há algumas semanas,

este texto é uma “teofania”, ou seja, um relato de manifestação de Deus. Há vários elementos que

nos fazem perceber que estamos diante deste gênero  literário: um alto monte, estar a sós, uma cor

branca e brilhante como ninguém na terra podia produzir, o grande profeta (Elias) e o grande

legislador (Moisés) falando com Jesus, a nuvem que  se detém sobre eles e a voz que confirma o

Senhor como Filho amado do Pai.

Este texto de manifestação do Senhor está presente nos três evangelhos sinóticos sem grandes

diferenças entre um e outro relatos. Este ano partilhamos a narrativa de Marcos.

Jesus leva consigo três de seus discípulos mais íntimos: Pedro, Tiago e João, os mesmo que

estarão presentes por ocasião de vários de seus milagres, e os mesmos que o acompanharão quando

estiver no horto do Getsêmani.

Os especialistas da Bíblia estudam e confrontam as características do texto, procurando extrair

conjecturas no nível histórico. Não entraremos nesta questão. Assumindo parte destas reflexões,

perguntamo-nos de maneira mais simples e “produtiva”:

Que sentido teológico e espiritual tem o relato da transfiguração do Senhor?

A chave, vamos encontrá-la considerando o contexto deste texto particular. Alguns versículos

antes deste relato, em Mc 8,31-33, Jesus anuncia, pela primeira vez, com absoluta clareza, qual é a

sorte que lhe caberá:



Jesus fala de sua morte 



31

E começou a ensinar-lhes que importava que o Filho do Homem padecesse muito, e que fosse

rejeitado pelos anciãos, e pelos príncipes dos sacerdotes, e pelos escribas, e que fosse morto, mas

que, depois de três dias, ressuscitaria.



 32

E dizia abertamente estas palavras. E Pedro o tomou à parte e começou a repreendê-lo.

 33

Mas ele, virando-se e olhando para os seus discípulos, repreendeu a Pedro, dizendo: Retira-

te de diante de mim, Satanás; porque não compreendes as coisas que são de Deus, mas as que são

dos homens.



Esta situação que Jesus narra e anuncia, obviamente desanimou os discípulos, que não podiam

entender como seu Mestre, Deus e Senhor “devia sofrer muito e morrer…”. Deste modo é que

Jesus, perante esta “crise” interior que eles padecem, dá-lhes a possibilidade de contemplar sua

glória e seu poder, glória de Filho de Deus, glória e poder de Deus… Tudo isto acontece na

experiência da transfiguração. Mesmo sabendo, como o próprio Jesus lhes disse, que ele iria sofrer e

morrer, agora sabem também (antes da ressurreição)  que ele é o glorioso Filho de Deus que

contemplaram quando se transfigurou e se transformou de maneira deslumbrante no monte.

A transfiguração, assim entendida, transforma-se em um encontro antecipado com a glória de

Deus em Jesus de Nazaré antes de sua ressurreição depois da morte de cruz.







Para levar em conta: além do Segundo Domingo da Quaresma, a Liturgia da Igreja

apresenta-nos, ao longo de seu Ciclo Anual, outra data para refletir sobre o mistério

da transfiguração do Senhor: trata-se da Festa da Transfiguração, que se celebra no

dia 6 de agosto…



Outros textos bíblicos a serem comparados: Mt 17.1-8; Lc 9.28-36; Mc 5.37; Mc

14.40; Mc 16.5.





2 – MEDITAÇÃO



O que me diz? O que nos diz?



 Perguntas para a meditação



  Sinto que Jesus me leva a um “monte alto” para estar a sós com ele?

  O que significa, para mim, hoje, o episódio global da transfiguração?

  Em minha vida, já experimentei que Jesus se transfigura, isto é, que me dá a conhecer seu

poder e sua glória como Deus e Senhor? Em que situações?

  Tenho “boa memória” da experiência da transfiguração ou enfatizo mais as experiências de

desolação?

  Percebo que a transfiguração hoje, em minha vida, pode dar-se através de uma forte

experiência de encontro com Jesus na oração e na vida sacramental?

  Onde estou parado hoje: no cume do encontro com Deus, no vale da desolação e do

sofrimento, ou na subida ao monte para o encontro com o Senhor?

  Tenho a tentação de Pedro de ficar-me no “ápice da experiência mística” da transfiguração e

não decidir-me a trazer esta experiência para a realidade de minha vida cotidiana? Busco

levar a experiência da oração para a vida de todos os dias?

  “Assusta-me” que Deus revele sua glória e seu poder perante minha pobre e pequena vida?

  Deixo que a “voz” do Pai confirme mil e uma vezes que Jesus é seu Filho amado e

predileto?

  Escuto e obedeço ao Filho amado e predileto do Pai?

  No caminho penitencial da Quaresma, que significa escutar Jesus contando-me que vai

ressuscitar?





3 – ORAÇÃO



O que lhe digo? O que lhe dizemos?



 Uma forma de responder a Deus na oração desta Lectio Divina pode ser utilizar o prefácio da

missa do dia da Festa da Transfiguração (6 de agosto), que nos oferece um belo e conciso resumo

deste mistério tão importante na vida de Jesus.

Diz assim:



 Na presença de testemunhas escolhidas,

 Ele manifestou a sua glória e na sua humanidade, 

em tudo semelhante à nossa, fez resplandecer a luz da sua divindade 

para tirar do coração dos discípulos o escândalo da cruz 

e mostrar que devia realizar-se no corpo da Igreja

 o que de modo admirável resplandecia na sua cabeça.



4 – CONTEMPLAÇÃO



Como interiorizo a mensagem? Como interiorizamos a mensagem?



A contemplação é, em si mesma, um momento de transfiguração do Senhor diante do crente.

É captar com toda a sensibilidade da própria vida a força e o poder de Deus como algo realmente

presente e atuante.

Por isso, a proposta para a contemplação será dedicar um bom tempo para ir ao sacrário da

igreja de seu bairro ou cidade, para buscar ter um encontro com o Senhor transfigurado.

Deus antecipa a hora de sua Páscoa para que, de antemão, você possa gozar a força da

ressurreição.

Convém estar diante do sacrário em uma posição cômoda, em um momento em que não haja

demasiada gente e, a partir do profundo silêncio, captar a presença misteriosa do Senhor

transfigurado na Reserva Eucarística.



5 – AÇÃO



A que me comprometo? A que nos comprometemos?



Propostas pessoais



• Fazer uma “linha de vida”, uma “linha histórica pessoal”, anotando os principais

momentos de transfiguração individual, familiar, eclesial e social.

• Exercitar-se constantemente em trazer para a vida cotidiana o que foi meditado na

oração.



Propostas comunitárias



   Conversar em seu grupo de amigos lectionautas sobre a relação que se pode estabelecer

entre “mistério da transfiguração de Jesus” e “Lectio Divina”. Pensar em que medida a

dinâmica da Lectio Divina é ou não uma subida, mediante a leitura, a meditação e a oração,

ao ápice da contemplação e, a partir dali, uma descida à “ação” de todos os dias.

  Se o que precede for verdadeiro, ou seja, se pode estabelecer esta saudável relação, procurar

fazer um gráfico em um pôster ou em um quadro, para poder utilizá-lo no ensino da Lectio

Divina aos demais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário